Um clássico baseado nos cartoons do americano Charles Samuel Addams retornam as telas. Depois de tantas adaptações para séries de tv, livros, filmes, agora é a vez da animação. A Família Addams, dirigido por Greg Tiernan e Conrad Vernon, apresenta este clássico para os jovens nascidos depois de 2006.
Enquanto passavam o trailers antes do filme, eu pensava: “como as histórias do cinema comercial para o público infantil de hoje estão parecidas, mesmo princípio ativo, dilemas parecidos, aventuras quase idênticas. Troca-se um dinossauro por um macaco, troca-se um coelho por um boneco. Mas tudo se parece”.
O filme começa e sou surpreendido por algo diferente. Claro que a base criada nos anos 30 por Charles Addams e todo o imaginário coletivo, criado ao redor dessa família ao longo de dezenas de anos, formam uma boa e digna matéria-prima. O trabalho com o roteiro permite alguns clichês necessários, mas em divertidos pontos ele surpreende. A família excêntrica está prestes a se reunir para a Mazurca do jovem Feioso. Uma espécie de rito de passagem que marca a vida de um membro dos Addams. É claro que a harmonia imperfeita será quebrada por uma vilã diferente. Uma designer de interiores apresentadora de um daqueles programas de reformas da TV.
Os opostos ficam claros. Colorido versus monocromia, novos objetos versus móveis velhos, beleza versus feiura, igual versus diferente. Nunca esteve tão na moda falar sobre o diferente. Esse é o tema central da animação que cumpre sua função, principalmente com as crianças. O filme não impõe a obrigação da conversão. Humanos não precisam virar monstros, nem vice-versa. Mas o respeito é inegociável.
Além do roteiro divertido, a animação não deixa a desejar. Longe dos padrões de animação 3D da Pixar/Disney, os profissionais da Cinesite Animation e da Bron Studios fazem um belo trabalho. Deslocando para os contrastes, entre o mundo Addams e a cidade perfeita chamada Assimilação, o grande trunfo visual. Além disso, os formatos inusitados dos personagens da família Addams, caricatos, destacando os traços mais surreais de cada um dão o tom cômico. Uma identidade visual que agrada, principalmente, por buscar essa cara de diferente, de animação com propriedade.
Não é preciso copiar a Pixar ou a Dreamworks, é preciso fazer algo genuíno e diferente. Esse é o mérito terrivelmente excelente de A Família Addams. Pode não ser a grande animação do ano, mas os nascidos em 2006 podem dizer que conhecem A Família Addams e ela é bem parecida com qualquer família da terra.