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Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez

Em geral, documentários são produções tendenciosas, pois apresentam a visão de algum ou alguns sobre determinado assunto ou acontecimento, mas dizer que Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez não é o melhor ponto de vista sobre o fatídico caso de crime que encheu jornais e revistas de manchetes na década de 1990 fica difícil após uma conferida nos cinco episódios disponíveis exclusivamente no serviço HBO Max.

O que aconteceu com Daniella Perez?

Pacto-Brutal-O-Assassinato-de-Daniella-Perez-hbo-max-capaO ano é 1992 e Daniella, filha da roteirista Glória Perez, está com 22 anos numa ascendente carreira estrelando a novela De Corpo e Alma (na qual interpretava a personagem Yasmin), escrita pela mãe e exibida na TV Globo. Numa noite, a jovem artista é encontrada morta num matagal na cidade do Rio de Janeiro, num crime que apresentou diversos sinais de crueldade. Não demora muito para que o principal suspeito seja revelado: Gulherme de Pádua, ator da emissora e também integrante do elenco da novela, sendo seu personagem, Bira, um dos interesses românticos da personagem Yasmin.

O caso completa trinta anos no dia 28 de dezembro de 2022, então, pra muitas pessoas, esse documentário da HBO Max vai servir como uma recapitulação do ocorrido. Ao mesmo tempo, a produção assume para si a prudente tarefa de derrubar algumas coisas que absurdamente ficaram enraizadas no imaginário popular.

Derrubando mitos

Um ponto bem explorado é a tratativa de veículos de imprensa como aquelas revistas de fofoca, que colocavam fotos dos personagens Yasmin e Bira juntos como casal da novela ao tratar do caso, corroborando para a narrativa da defesa de que o crime ocorrido foi passional, ou seja, motivado por um impulso carregado de emoção. Isso permitiria enquadrar o assassinato como algo mais brando judicialmente falando. Essas fotos de capa também indicavam que tal qual na novela, Daniella e Guilherme mantinham um caso amoroso, algo que, além de não possuir nenhuma comprovação, também não se tinha nenhum indício de possibilidade.

Além disso, os episódios da série dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra eliminam outras falácias, como a afirmação de que o instrumento do crime tenha sido uma tesoura, algo descartado pela perícia mesmo que a arma do crime não tenha sido encontrada. Alguns pontos na investigação foram problemáticos, e um olhar de fora para quem organiza o caso consegue elucidar ponto a ponto essas problemáticas.

O que se sobressai, ao final dos cinco episódios, é a luta e a resiliência da mãe Glória (algo estendido para toda família e amigos) em manter o nome da vítima afastado das agressões vindas tanto por parte dos assassinos quanto por interessados em audiência a qualquer custo, além de exigir, através dos dispositivos legais, o máximo de justiça possível neste país tão controverso quando tratamos da devida punição por crimes hediondos.

Dizem que é muito importante ouvir todos os lados sobre um ocorrido para se chegar a uma verdade, mas Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez desafia essa pretensa regra e mostra que dar palco para psicopatas pode não ser algo indicado assim.