Bombando atualmente no catálogo da Netflix, Os Suspeitos (Prisoners, no original) é um filme de 2013 que traz, além de um envolvente enredo, um ótimo elenco comandado pelo infalível Denis Villeneuve. No entanto, como muitas outras excelentes tramas de suspense, temos também um final pra lá de inquietante e que demanda alguma explicação para os menos atentos.
Mas antes: do que se trata Os Suspeitos?
No longa, acompanhamos a história de duas famílias que se reúnem no Natal para uma reclusa confraternização. De um lado temos Keller (Hugh Jackman) e Grace Dover (Maria Bello), com um filho adolescente e uma filha criança, e do outro temos Franklin (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), com uma filha adolescente e outra ainda criança. Durante a reunião na casa dos Birch, as duas crianças saem para brincar e acabam desaparecendo, para o desespero de todos.
É iniciada assim uma incessante operação para encontrá-las, tendo como principal suspeito um rapaz chamado Alex (Paul Dano), que dirigia o trailer do qual as meninas brincavam perto antes do crime. Porém, sem nenhuma prova ou indício que possibilitasse o avanço nas investigações sob o comando do detetive Loki (Jake Gyllenhaal), Alex acaba liberado, causando a ira das famílias e especialmente a de Keller.
Vale à pena assistir Os Suspeitos?
Demais. À época do lançamento, o longa recebeu elogio de todos os cantos da internet, que destacavam principalmente as atuações de Hugh Jackman (ainda envolvido com a franquia X-Men da Fox) e Jake Gyllenhaal (que já havia deixado ótima impressão para filmes do gênero com Zodíaco), juntamente com a boa condução do suspense presente na trama por parte do diretor a partir do roteiro de Aaron Guzikowski. Villeneuve, por sua vez, viria a se destacar posteriormente com Sicário: Terra de Ninguém, A Chegada e Blade Runner 2049 lançados em 2015, 2016 e 2017, respectivamente.
Mas e o final explicado que você prometeu?
Então, por mais óbvio que seja a ordem dos fatos ao final do filme, há alguns pontos que merecem uma revisão. Na prática, o que temos é o personagem de Hugh Jackman sendo aprisionado no buraco criado pela idosa do mal, e o tempo que ele faz ela gastar para se livrar dele é o que permite, no final das contas, que Jake Gyllenhaal salve a sua filha antes que o pior aconteça. No final, temos a angustiante constatação de que Keller permaneceu no cativeiro, sem que ninguém o tenha encontrado.
Como Keller poderia ser resgatado? Ele morreu?
Como o possível resgate de Keller fica em aberto ao público, cabe a nós especularmos. No meu entendimento, o som do apito que Loki escuta sugere que Keller está usando o presente que ele deu à sua filha para que possa ser encontrado e, uma vez que o detetive está com essa pulga atrás da orelha, há grande chance dele encontrar o pai da criança. Além disso, a própria menina pode identificar o cativeiro caso retorne ao local, cabendo às autoridades um condução decente dessa recapitulação para não traumatizar ainda mais a garota.
Sendo assim, a questão maior não é se Keller será encontrado, mas sim quando. Antes de ir parar no cativeiro, ele toma um tiro na perna, e a perda de sangue não irá permitir que ele permaneça vivo por muito tempo, sem contar a falta de comida e o pior, água.
Loki e o mistério do labirinto
Assim como em Zodíaco, temos mais uma vez Jake Gyllenhaal envolto a um mistério com simbolismos. Há, inclusive, símbolos do zodíaco tatuados nos dedos da mão direita (Leão, Escorpião, Áries, Virgem) do personagem, em clara referência ao filme de David Fincher.
Desta vez, a grande conexão entre todos os núcleos é o desenho do labirinto, que passa a ganhar mais destaque a partir do momento em que o esquisitíssimo Bob Taylor (David Dastmalchian) é capturado.
No início das buscas pelas meninas desaparecidas, o detetive faz um checklist com todos os homens com passagens pela polícia por crimes contra crianças, e ao chegar na casa de um padre, acaba descobrindo o corpo de um homem assassinado. Aquele homem, sabemos depois devido ao símbolo do labirinto em seu colar, é o marido de Holly Jones (Melissa Leo), e ambos eram responsáveis por uma série de sequestros de crianças na região.
Dentre elas, Bob Taylor e também Alex, que, sendo um adulto com mentalidade de criança, apenas havia saído com as meninas para brincar, cabendo à mulher o papel de colocá-las em cárcere privado. Bob Taylor, por sua vez, foi outra dessas crianças sequestradas pelo casal, mas que acabou desenvolvendo uma Síndrome de Estocolmo fortíssima e seus atos acabaram servindo como uma cortina de fumaça em prol da verdadeira criminosa de Os Suspeitos.