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Nilue

Tamisa sabe o que é ter tanto medo a ponto de parar de sentir – e é apenas por isso que ainda está viva. Escrava fugitiva, ela encontra refúgio na cidade das sombras chamada Nilue e deixa o passado para trás. Até que ela rouba um artefato escondido pelo Rei, e todo o Nilue começa a pagar por suas ações. Tamisa se vê no meio de um conflito com raízes no passado do seu mundo – aquele passado tão bem apagado que poucas lendas sobreviviam.
Vista como uma heroína por boa parte da cidade, caçada pelos homens do Rei e por aqueles que usam magia, Tamisa não tem muitas opções. Para tentar salvar sua vida e o lugar que é um lar para todos os fugitivos, ela traz de volta um poder tão antigo quanto a cidade das sombras… E tão letal quanto elas. O mesmo poder que salvara sua vida uma vez e que agora pode significar sua destruição.

Nilue é bom?

Demais! Já fui com muitas expectativas e, graças à deusa, foram atendidas!

Thais fez um trabalho maravilhoso na construção de mundo e dos personagens, além de ter uma trama amarradinha e gostosa de ler. Passei um dia procrastinando obrigações porque não CONSEGUIA largar o livro! São muitas reviravoltas de tirar o fôlego, e eu passei o tempo todo imaginando o que iria acontecer em seguida. Você acompanha Tamisa em todos os aspectos, e estar com ela nessa jornada é bem intenso, pois é um caminho difícil e penoso.

A protagonista é a única que não teme as sombras do Nilue, inclusive as utilizando para se transportar de lá para cá dentro da cidade, sendo conhecida como Caminhante das Sombras ou o Fantasma, pela cidade vizinha – Delarna, onde vive o perigoso Rei, do qual se sabe pouco. Tamisa praticamente cai de paraquedas no meio da confusão e, em vários momentos, ela pensava sobre como tudo tinha dado errado tão rápido – afinal, a vida é assim, baque atrás de baque, sem esperar que você reflita, descubra o que está acontecendo ou se recupere.

Além disso, Tamisa é gente como a gente. Sim, temos uma protagonista pobre lascada, que vive em situação meio difícil na sua cidade, formada majoritariamente por ladrões, gangues, entre outros. A população vive com medo, principalmente por conta do Rei, um tirano que pouco se importa com ela, e que fez questão de apagar a história do seu mundo, para que só pudessem saber pelos seus olhos (lembra alguém?).

E, pra quem gosta também, tem romance. Questionei um pouco minha sanidade sobre o casal, mas depois ficou tudo bem. Porém, esse detalhe não é o foco, é apenas uma parte da história, um plot secundário. A questão central do livro é a Tamisa se lascando para salvar os seus, basicamente.

Com muita delicadeza, Thais dá vários murros na sua cara ao longo das páginas do livro, e mal temos tempo de nos recuperarmos – assim como a própria Tamisa. O conceito de heroína levantado pela autora é interessante demais, questionando o surgimento desse fenômeno, afinal, se nasce com as características exigidas para esse papel, como força e coragem, ou você é obrigado a se tornar?

Fica o questionamento para vocês descobrirem lendo!