casamento sangrento casamento sangrento

Casamento Sangrento (Telecine Play) | Crítica

O gênero do terror sempre caminhou em conjunto com a comédia. Seja nos antigos filmes do Boneco Assassino ou nos mais atuais de Jordan Peele como Corra!, nem sempre essa junção traz bons frutos, mas Casamento Sangrento (Ready or Not, 2019) conseguiu muito bem essa proeza. Confira nossa crítica sem spoilers.

O filme começa com o casamento de Grace (Samara Weaving) com um jovem pertencente a uma família milionária. Logo após as festividades, ela precisa participar de um jogo macabro com os familiares de seu recente marido como parte de um antigo costume.

O longa é um slasher mas que não se preocupa em ser “engraçadinho” em vários momentos. Existem tanto momentos tensos em que você fica na ponta da cadeira e outros que você gargalha por situações absurdas ou engraçadas. De vez em quando, a trama se leva a sério demais e tenta colocar um dramalhão, que é onde ele mais falha. Mas quando o filme abraça a galhofa e violência estilizada, ele brilha. É claro que esse pulo de momentos mais sérios para momentos de zoeira podem ser abruptos e bagunçados durante a história mas, no final, a experiência é divertida na maior parte.

O filme não esconde a sua inspiração nos filmes gore dos anos 80 ou 90, e nem escapa de colocar vários clichês do gênero. Mas em diversos momentos ele quebra nossas expectativas com humor ou com essas rupturas de estereótipos.

Samara Weaving (série SMILF) como protagonista tem carisma e carrega bem o longa, já os demais personagens acabam sendo mais caricatos. O cunhado de Grace, vivido por Adam Brody (série O.C: Um Estranho no Paraíso), também é outro personagem interessante e, talvez, o único que tenha um arco dentro da história.

Apesar do longa ser despretensioso, ele até que traz um pouco de crítica social. Em diversos momentos, a garota pobre é julgada por estar casando com um cara rico, como se ela tivesse somente tentando ascender socialmente. A representação dos ricos é caricata e exagerada, como se eles fossem pessoas que não vivem no nosso mundo, como criaturas fantásticas.

Os estudiosos da teoria dos jogos vão perceber uma representação legal da relação que existe entre os jogos e a cultura, até mesmo como algo místico, fazendo um paralelo bem interessante com os estudos de Johan Huizinga em seu livro Homo Ludens.

Casamento Sangrento é uma boa diversão para ver no final de semana com aquela pipoquinha. Só tome cuidado que tem umas cenas bem violentas e gráficas, mesmo que apareçam mais leves em tela por causa da comédia. Ele não inventa a roda, mas proporciona uma viagem bastante tensa e engraçada.

Se você curtir este filme, eu recomendo um longa cearense chamado Clube dos Canibais, que tem um clima bem parecido.