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Corra! | Crítica

Dirigido por Jordan Peele, Corra! é um ótimo filme de suspense/terror, bastante original, cômico e satírico

O filme “Corra!” (Get Out, 2017) é escrito e dirigido por Jordan Peele (sim, exatamente! Do programa de comédia Key and Peelee é extremamente interessante ver a visão de um comediante sendo transportada para um terror/suspense.

Quem nunca viu alguém falar: Eu não sou racista/homofóbico, tenho amigos gays e negros”? Aposto que a maioria. E é um dos grandes pontos de Corra!, a sátira com esse esteriótipo, que inclusive, brinca com os ideais de esquerda americana, e mora aí uma das melhores piadas do longa. E de cara, não é nem um pouco discreto, é bem aberto para que a mensagem seja entendida.

O roteiro é crescente, primeiro ato de apresentação dos personagens, bem objetivo. Já somos também apresentados a estranheza que há com os pais de Rose, Dean Armitage (Bradley Whitford) e Catherine Keener (Missy Armitage) e com os serviçais da casa, Georgina (Betty Gabriel) e Walter (Marcus Henderson). Todos apresentam comportamentos bastante peculiares. A priori, Chris acha que todo esse estranhamento e extremo carinho é uma tentativa dos pais de Rose lidarem com o relacionamento de sua filha com um negro. Há clichês aqui, mas é de longe um filme bem autêntico e original.

Corra! é dirigido de forma bastante inteligente. O filme se passa em uma casa, o que poderia acabar se tornando um tanto claustrofóbico e massante, mas o jogo de câmera e o dinamismo usado nas cenas não deixa o ritmo cair no total marasmo, por mais que vez ou outra haja sim uma pequena queda, mas nada que o torne entendiante e massivo.

Como já citado, Jordan Peele é um comediante, então há bastante acidez aqui. Não gratuita, e sim, pontual, crítica, subversiva e bem inteligente. O alivio cômico principal fica a cargo do personagem Rod Williams (LilRel Howery) que é amigo de Chris e fica responsável por cuidar de seu cão enquanto ele viaja. Ele é um funcionário da TSA, orgão responsável por controle de imigração de transportes nos EUA. Ele faz um contraponto funcional com a trama principal, chega a ter uns momentos bem “esquéticos”.

O clima de tensão é sensacional, o medo é real e a sensação de quase impotência em Corra! é angustiante. Destaque grande para Daniel Kaluuya, que faz um excelente trabalho com o olhar, sério, é espetacular o que essa cara faz. E a reviravolta que temos é bem “OOoooh caraaaamba!”. Há pistas, mas é algo que é bem segurado para haver um grande clímax.o protagonista de Corra!

E o ato final (que ato!) escatológico e moderado (da pra entender?)! Isso se dá mais pelo fato da história não preparar o espectador para isso, ou seja, a “escatologia moderada” fica grande naquilo que foi apresentado.

Corra! é um ótimo filme de suspense/terror, bastante original, cômico e satírico. Tudo isso bem balanceado.