Beowulf Beowulf

BEOWULF (Pipoca e Nanquim) | Crítica

Editora Pipoca e Nanquim, já conhecida por publicar grandes trabalhos da 9° Arte, traz HQ dos Espanhóis Santiago Garcia e David Rubín que reconta o mito de Beowulf de forma cinematográfica e impactante

Uma das narrativas mais importantes para a construção do povo inglês como nação e a solidificação de seus mitos e lendas, o Poema de Beowulf, escrito originalmente em Anglo/Saxão de autor desconhecido é possivelmente um dos pilares das narrativas aventurescas que inspiram grandes nomes do cinema e da literatura, como o próprio Professor J.R.R. Tolkien, que já teve livro póstumo lançado sobre o poema e influenciou varias de suas histórias abordadas em o Hobbit e o Senhor dos anéis.

Na versão de Santiago Garcia e David Rubín, o mito é extremamente respeitado em suas prosas poéticas, mesmo adaptando para uma linguagem próxima do leitor atual, em nada essa localização falta com o respeito ao poema, ao contrário, ele agrega. Fazendo um serviço muito maior, que o filme dirigido por Robert Zemeckis, lançado em 2007. O traço de Rubín traz mais fluidez e carisma aos personagens que a animação proposta por Zemeckis.

Nessa HQ, somos inseridos de forma cinematográfica, com cortes rápidos, preservando introdução e fluidez na narrativa. Na trama, o salão do rei dinamarquês Hrothgar está sendo assolado pelos ataques de uma criatura terrível, algo que continua ao longo de 12 anos, levando assim a força e alegria do Rei.

Eis que surge o herói desprendido de tudo, Beowulf, que busca a glória em batalhas e se oferece para lutar de mãos nuas contra a criatura, já que a mesma não possui arma alguma. Beowulf nem sonha que esse encontro com a besta chamada Grendel irá guiá-lo a um caminho de muito mais lutas, desapego por tudo o que lhe é rico e um trono, que talvez não seja o que seu coração anseia. E a morte de um herói, pode ser o fim de um povo.

Os roteiros de Santiago, mostram o entendimento em adaptar um poema tão importante e complexo, respeitando a cada linha de diálogo, os dizeres e posturas de cada personagem ali introduzido. Rubín traz a fluidez cinematográfica necessária, seu traço bastante estilizado, que por diversas vezes me lembra demais a arte do Paul Pope, com um frescor da arte contemporânea. Uma narrativa visceral e fluída que empolga a cada pagina, e traz carisma aos personagens e principalmente ao protagonista, o que foi uma das grandes falhas do filme de 2007.

A belíssima edição que chegou em nossas mãos, de responsabilidade da editora Pipoca e Nanquim é um primor editorial que faz jus a todo o trabalho desenvolvido por Santiago Garcia e David Rubín, uma edição épica para um conto épico! Beowulf vive e novas gerações podem conhecer a importância de seu poema.