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Carrion: Seja o monstro | Crítica

Novo jogo da Devolver coloca você na pele da criatura

O gênero de terror é muito famoso na literatura, cinema, quadrinhos e jogos. Mas poucas obras procuram analisar o terror pela ótica do monstro. Carrion, novo jogo desenvolvido pela Phobia Game Studio e publicado pela Devolver, é um terror invertido onde você é o monstro. Confira nosso review.

Em Carrion, o jogador fica na pele de um monstro amorfo que acorda em uma base militar e precisa seguir seu caminho se alimentando de pessoas e espalhando sua biomassa. O jogo possui elementos de Metroidvania e de plataforma 2D.

Como falei anteriormente, o gênero de terror é muito famoso e algumas obras contam a história pela perspectiva do monstro, ou daquela entidade que causa o horror. Mas, o jogo traz uma diferença de todas essas outras mídias. Ele te coloca na pele da criatura monstruosa nesse terror invertido, você toma as decisões e interage com o cenário como algo totalmente não-humano. É aqui que vemos o primeiro grande ponto forte de Carrion. Apesar de parecer um jogo de plataforma 2D no primeiro momento, o monstro de Carrion se move muito livremente no cenário sem ser muito afetado pela gravidade. Então, esse movimento se parece muito mais com um jogo top-down (como em um Zelda).

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A animação da criatura que parece um slime com tentáculos ajuda muito nessa movimentação alienígena. Você se move e interage com objetos usando tentáculos que parecem ter uma vida própria enquanto você os controla. No começo do jogo, como uma criatura que acabou de nascer, você ainda está aprendendo a usar os controles e tem até um pouco de dificuldade. Mas, depois de pouco tempo, você já está bem familiarizado e vira uma máquina de matar, inclusive usando os diversos poderes desbloqueáveis em conjunto.

O que nos leva para o segundo ponto forte do jogo. A pesar de ser um jogo curto e com um escopo pequeno, Carrion lhe dá algumas opções estratégicas até bem variadas de como resolver seus encontros e puzzles. Quanto mais você vai se alimentando e aumentando de poder, você vai desbloqueando novas habilidades. O legal é que algumas dessas habilidades só funcionam quando você está em um “tamanho” específico. Então, muitas vezes você tem que ficar mudando para sua forma menor e mais “stealth” ou para uma forma maior mais destruidora.

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Uma vez que os puzzles são manualmente desenvolvidos para serem vencidos usando um ou dois poderes específicos, os encontros com inimigos dão um pouco mais de liberdade para o jogador. Você vai fazer uma abordagem mais furtiva através dos dutos de ventilação e pegar seus inimigos por trás ou literalmente chutar a porta e partir para cima dos seus agressores? Carrion deixa isso a critério do jogador e dá opções bem variadas para um jogo tão pequeno. Mas, seja no stealth  ou na porradaria, a verdade é que é muito divertido e gostoso controlar esse monstro assassino.

Conclusão

Carrion é um jogo pequeno mas que executa com maestria tudo aquilo que se propõe. A história é contada de forma minimalista, sem texto e deixando aberto para interpretação do jogador. Ele tem uma duração curta mas ela parece o ideal no final da experiência, acabando antes que o jogo fique maçante demais. Tudo isso funciona muito bem em uma arte 3D que emula um pixel art da época do SNES ou PS1 e uma trilha sonora muito boa. ele se inspira os mitos de Lovecraft, Enigma de Outro Mundo e Alien para te colocar no papel do monstro e se divertir nesse playground violento e alienígena.

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