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Ingresso Para o Paraíso

O gênero de comédia romântica não está mais no seu auge como estava no final dos anos 90 e início de 2000. Talvez ele deu uma saturada ou a sociedade ficou cínica demais para eles. Indo contra essa maré e trazendo dois atores famosos pelo gênero, Ingresso para o Paraíso diverte e emociona na medida certa. Confira a crítica a seguir sem spoilers.

Ingresso para o Paraíso conta a história de um ex-casal (George Clooney e Julia Roberts) que se odeia e precisa se unir para impedir que sua filha (Kaitlyn Dever) se case com alguém que acabou de conhecer em Bali. Os dois precisam colocar suas diferenças de lado para acabar com o casamento enquanto aproveitam as belezas desse paraíso na terra.

Ol Parker, diretor de Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, consegue fazer dessa comédia românticas algo bem gostoso e leve de assistir. É um gênero de filme com bastantes clichês e fórmulas, mas esse longa consegue trazer algumas qualidades a serem apreciadas. A primeira delas é a ótima química entre Roberts e Clooney. Dá para perceber que os dois estão se divertindo no papel, principalmente depois de ver algumas cenas por trás das câmeras nos créditos. Os dois são claramente os protagonistas dessa história e o núcleo mais novo está ali somente para ajudar no desenvolvimento desses personagens.

Quando o longa tenta criar um pouco de drama ou dúvida no casal de noivos mais novo, acaba não dando muito certo. Já sabemos que aqueles personagens se amam e que provavelmente vão ficar juntos. Diferente deles, o ex-casal possui muitos assuntos inacabados e rancor um pelo outro. Durante essa jornada, como se fosse uma terapia de casal, eles vão reaprender o que gostavam e odiavam um pelo outro. Apesar de ser um filme de comédia meio bobo, em alguns momentos o roteiro acerta muito bem nos diálogos, trazendo uns insights muito maduros sobre relacionamentos. Infelizmente, essa visão um pouco mais cínica sobre o amor acaba se perdendo no final que prefere ir para um caminho mais brega.

A comédia do longa não vai te fazer morrer de rir, mas funciona principalmente por causa da química dos protagonistas e algumas boas sacadas de roteiro. Nos momentos em que ela tenta ir mais para o pastelão ou uma comédia física, acaba não funcionando muito bem. Esses momentos acontecem geralmente através do piloto francês, atual namorado da personagem de Roberts. Um plot que é resolvido de forma bem sem graça.

Outro foco bem grande do longa é como ele consegue vender bem Bali, o país onde a história se passa. O próprio título se refere muito mais ao local do que às pessoas. As cenas são bonitas e eu terminei o filme pesquisando os valores de passagens para lá (só para ficar bastante frustrado…). É uma pena que em alguns momentos a fotografia acaba sendo muito padrão e conservadora, mostrando planos longos pouco inspirados do lugar. Além disso, as falas dos personagens constantemente fazem questão de reforçar que lá é o lugar mais lindo do mundo, parecendo mais uma propaganda de viagens do que um filme. A cultura e costumes do lugar são retratados daquela forma bem clichê de americanos conhecendo algo exótico. Apesar dessa visão ocidental, o longa permanece respeitoso com a cultura alheia.

Ingresso para o Paraíso é uma comédia romântica bem padrão, mas divertida. O seu humor e momentos reflexivos geralmente vêm na forma de diálogos inteligentes e a perfeita química entre o seu casal (ou melhor, ex casal) de protagonistas. É uma pena que alguns dos textos bem maduros sobre relacionamentos são jogados fora com um final extenso e excessivamente brega. Mas, às vezes, tudo que queremos é uma boa comédia leve, divertida e para cima. Você vai sair do filme revigorado, como as boas viagens costumam ser.