Ano passado, um k-drama estreou e logo causou grande comoção por ter um conteúdo mais “sexual” que o normal. Não foi por ser explicito, mas por mostrar uma mulher se envolvendo com um homem apenas para sexo casual – e isso já foi o suficiente para causar muito barulho entre os fãs de dramas coreanos. Nevertheless, ou, em português, “Apesar de tudo, amor”, conta a história da universitária Nabi após o término conturbado do seu relacionamento e conhecer Jae-eon.
A sinopse do k-drama é bastante vaga, nos contando apenas que a protagonista não acredita mais no amor mas que ainda o deseja, e que Jae-eon não gosta de relacionamentos, porém decide se arriscar.
Nabi, interpretada por Han So-hee, é uma estudante mediana de artes. Ao visitar a exposição de artes que seu namorado estava exibindo, ela vê uma escultura sua, com seu nome e em uma posição bem sexual. Ela não se sente bem por estar tão exposta aos olhares de tantas pessoas, por mais que muitas ali não a conhecessem, e, principalmente, porque não havia permitido tal exposição de sua intimidade.
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Jae-eon, vivido por Song Kang, também é um estudante de artes. Galanteador, ele conquista todas as garotas de um lugar com seu sorriso bobo e bonito. Ele tem um grande fascínio por borboletas, tão intenso que possui um terrário onde mantêm várias borboletas. Inclusive, ele tatuou a imagem de uma borboleta em sua nuca.
Os dois acabam por se conhecer, e Jae-eon, com seu amor por borboletas, acaba se encantando com o nome de Nabi, que significa borboleta. Ele começa a jogar todo o seu charme nela… E em todas as outras que estão ao redor. Jae-eon tem todo aquele clima de que o que caiu na rede, é peixe. Então, enquanto tenta conquistar Nabi, ele vai ficando com quem quer que o queira.
Logo Nabi acaba caindo na rede dele, e se sua vida já estava uma confusão, a partir dali as coisas pioram. Ela não quer que os outros saibam o que eles têm, já que é algo casual, e sexo casual não é algo bem visto na Coreia. Além disso, algumas das mulheres com quem Jae-eon já teve algo aparecem e causam problemas no que quer que seja que os dois tenham.
Com tudo o que sabemos sobre eles, podemos dizer que nenhum dos dois está pronto para um relacionamento – logo, o acordo de encontros sexuais casuais parece uma boa opção para eles. O problema está nas carências de afeição e segurança que Nabi tem sendo adicionadas ao seu medo de um novo relacionamento e ao amor pela liberdade do Jae-eon.
Por mais que ela diga que não vai se apaixonar por ele, o fato dele dar atenção e ser carinhoso quando estão juntos faz com que ela acabe não resistindo a ele. E, por mais que ele sinta algo mais por Nabi, Jae-eon quer ser livre para ficar com quem quiser, na hora que quiser. Ou seja, essa mistura acaba que não é boa, pois o resultado é um relacionamento abusivo.
Como isso pode ser um relacionamento abusivo? Quando ela quer esquecer dele, o que acontece na metade do k-drama, e Jae-eon sempre faz questão de estar presente na vida de Nabi. Ele não deixa que ela o esqueça e também não quer firmar um compromisso. Nabi, que já estava vulnerável por ter tido um término ruim, se vê presa nesse ciclo. No decorrer da série, temos uma cena em que ela claramente está desconfortável com a aproximação dele, mas muitos viram isso apenas como se Nabi só estivesse se fazendo de difícil ou apenas tímida, o que é um problema gigantesco.
Isso porque derruba por terra de que ‘Não é não’, e incentiva que homens ajam de maneira intrusiva e abusiva mesmo quando mulheres se negam a fazer o que quer que eles queiram.
E, para piorar a situação – e atenção que se você ainda não assistiu, aqui vem um spoiler -, os dois acabam ficando juntos. E isso é mais uma maneira de reforçar que um homem pode conquistar a mulher que ele está afim mesmo se não sair do pé dela, segui-la pelos locais, e beijá-la, mesmo que ela não queira.
Disponível na Netflix, “Apesar de tudo, amor” é tudo, menos um simples k-drama romântico. É uma história que mostra como a manipulação e o abuso acontecem, sem que estejamos 100% conscientes do que está acontecendo em uma relação.
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