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Elementos: uma comédia romântica cheia de fofura

Faz algum tempo desde que a Disney e Pixar trouxe algo realmente empolgante para as telas, de forma a nos emocionar, nos fazer chorar e coisas do gênero. Infelizmente, Elementos não vai ser mais uma criação icônica, porém, ela é tão fofa que provavelmente vamos nos lembrar dela por mais um tempo, principalmente sendo a primeira comédia romântica do estúdio.

Nossa protagonista é Faísca, cuja família foi uma das primeiras a imigrar do país (nação? local?) do fogo para a Cidade dos Elementos, sendo responsável por estabilizar e firmar uma comunidade de Fogo no local. Todos os dias ela ajuda seu pai na loja da família, e desde que muito pequena ela sabe que vai herdá-la, sendo treinada pelo pai para um dia assumir os negócios. Acontece que Faísca não leva muito jeito com o público, não sabe, por exemplo, lidar com os clientes de forma paciente e gentil, ou manter um sorriso mesmo em frente ao cliente mais abusado. Por conta desse estresse, ela acaba causando um acidente, fazendo com que a loja receba muitas multas e fique prestes a fechar, para evitar que isso aconteça, ela persegue o pobre funcionário público, o jovem Gota e implora para que ele retire as multas, começando assim a história deles dois.

A trama de Elementos se divide em duas partes que andam “juntas” mas que não conseguem se encaixar muito bem, pois traz uma analogia que simplesmente não funciona de um lado, só do outro. A primeira é a parte que explora a vida de Faísca como filha de imigrantes, suas responsabilidades, o peso que a jovem leva em nome de uma gratidão esmagadora por tudo o que seus pais fizeram por ela. Porém, tentar encaixar a xenofobia se utilizando de elementos antropomórficos se tornou um tiro no pé quando a protagonista é literalmente fogo e pode ser um perigo real para as pessoas ao seu redor, o que acontece em alguns momentos, como quando Faísca entra no metrô e incendeia pessoas planta, ou mesmo quando seu temperamento esquentado (não foi proposital, eu juro) leva a melhor. Ficamos em um local de estranheza quando temos que ficar do lado da protagonista em situações que obviamente não estão erradas, mas que o filme quer que acreditemos que sim. A metáfora imposta em Elementos simplesmente não funciona.

elementos

Porém, a segunda parte de Elementos é a em que essa analogia fogo e água dá certo, pois é a do romance. Com um roteiro simples e que segue todos os tropos possíveis do gênero comédia romântica, ele funciona muito bem. Faísca e Gota são, literalmente e não literalmente, o oposto um do outro, e a relação de ambos é muito fofa. O estúdio nos prova novamente que consegue criar situações de romance com qualquer tipo de criatura possível (estou olhando para você Wall-E), e o casal possui uma química absurda. É impossível não ficar torcendo pelos dois. O que equilibra bem a balança do filme, nos distraindo dos problemas relacionados à falha analogia e focando nos encontros dos dois, assim como o autoconhecimento que essa relação traz para Faísca, que é obrigada a encarar a vida de uma forma completamente nova. O Gota não, ele já é perfeito.

Apesar dessa confusão criada pelo roteiro, a história segue sem problemas com personagens cativantes, uma trilha sonora incrível de Thomas Newman, cenas mágicas e encantadoras, bem jeitinho Disney e Pixar de ser, e até mesmo aquelas emoções fortes e com “reviravoltas” do gênero comédia romântica.

Vale muito à pena ir ao cinema contemplar Elementos e assistir ao casalzinho mais fofo do momento.