Criado em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, para impedir o fechamento do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, o jogo do bicho era uma rifa de apostas em números que representavam animais. Cento e trinta anos depois, transformou-se em um império do crime, que movimenta bilhões. A série documental “Lei da Selva – A História do Jogo do Bicho”, de Pedro Asbeg, mostra que a prática está intimamente ligada ao crime organizado, ajudando a financiar tráfico de drogas, milícia e corrupção. Dividida em quatro episódios, a produção da Kromaki e Canal Brasil estreia dia 29 de abril, às 22h30, no Canal Brasil e nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay + Canais ao Vivo.
A série é narrada pelo ator Marcelo Adnet: “Foi maravilhoso participar desse projeto porque contar essa história do Barão de Drummond até os dias conturbados de hoje é contar a trajetória do Rio de Janeiro, do Brasil e a minha história. Eu nasci aqui na década de 80, sou um apaixonado por samba e alguém que vive as contradições da cidade”, afirma Adnet, que também é especialista no assunto, tema de sua monografia quando se formou em Jornalismo, na PUC-Rio.
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O deputado federal Marcelo Freixo, o historiador Luiz Antonio Simas, o ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro Antonio Carlos Biscaia, e o carnavalesco Milton Cunha são alguns dos entrevistados. Os jornalistas Cecília Olliveira, Octavio Guedes, Leandro Demori, a advogada Simone Sibilio e a urbanista e vereadora Tainá de Paula também ajudam a oferecer um amplo panorama sobre o tema, assim como o pesquisador Bruno Paes Manso, autor do livro “A República das Milícias: Dos esquadrões da morte à Era Bolsonaro”, uma das bases de pesquisa para a série.
“Entender o jogo do bicho é necessário para qualquer um que queira entender como chegamos até aqui, neste emaranhado de violência com o qual convivemos no Rio. O bicho, que já foi inocente, há tempos está ligado a assassinatos, extorsão, lavagem de dinheiro e diretamente ligado ao crescimento da milícia. Pode-se dizer, inclusive, que bicho e milícia são sócios”, afirma o diretor Pedro Asbeg. “Meu interesse pelo tema começou quando entendi que ele estava não apenas ligado a uma série de processos criminais com os quais convivemos no Rio há décadas, mas pela própria relação que ele tem com a cidade. Nesses 130 anos de jogo, a cidade e o bicho cresceram e se transformaram juntos”.
Nos anos 1890, a rifa do Barão se popularizou, se entranhou na cultura popular do Rio de Janeiro e 130 anos depois sobrevive nas esquinas da cidade. Na série, alguns dos nomes mais conhecidos do universo do bicho e da contravenção aparecem em foco, como Castor de Andrade, Capitão Guimarães, Anísio Abrahão David, Ronnie Lessa, Capitão Adriano da Nóbrega, dentre outros.