Sherlock – Quarta temporada | Review

Quando sobem os créditos de O Problema Final, último episódio da quarta temporada de Sherlock, fica clara a mensagem que Mark Gatiss e Steven Moffat quiserem passar: é tudo uma questão de amadurecimento. John Watson e Sherlock Holmes terminam essa tempestuosa aventura diferentes de como os conhecemos lá em Um estudo em rosa, o primeiro episódio da primeira temporada.

Mas para essa mudança acontecer, era necessário que um grande arco fosse encerrado. Arco esse que teve início quando Jim Moriarty (Andrew Scott) entrou na vida do nosso detetive favorito. Durante duas temporadas e um especial de Natal, Sherlock trabalhou a construção do clima de tensão que envolvia o vilão. E subverteu essa expectativa no momento certo. Mostrando que o jogo era ainda mais complexo do que poderíamos imaginar.

Se na obra de Sir Arthur Conan Doyle, Moriarty é o grande vilão, aqui o lobo mau atende por um outro nome: Eurus Holmes (Sian Brooke), a irmã esquecida de Sherlock. Em um dos episódios mais intensos de toda a série, acompanhamos o antagonista colocando seu grande plano em prática. Se aproveitando da expectativa do público, Gatiss e Moffat construíram a verdadeira trama sem que ninguém percebesse o que estava acontecendo.

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Durante o season finale, todas as mudanças que ocorreram aos longos dos últimos anos foram justificadas. Sherlock teve sua nova personalidade testada, com vários momentos onde seus sentimentos foram expostos ao limite. Tudo isso modificou a forma como ele enxergava ao mundo ao seu redor e, principalmente, se relacionava com as pessoas mais próximas.

Watson também sofreu bastante nessa quarta temporada, vendo tudo aquilo que lutou para construir quase ser destruído por completo. Mas nos momentos de necessidade, sua amizade com Sherlock foi essencial para que tudo terminasse da melhor forma possível. “Hoje somos soldados” é o que ele diz para seu melhor amigo no último episódio. Mas sabemos quem é o soldado em tempo integral. Ponto para a química sempre incrível entre Benedict Cumberbatch e Martin Freeman.

Claro que alguns erros foram cometidos durante a temporada. Quem se acostumou com o esmero narrativo e técnico das últimas temporadas pode encontrar situações desagradáveis. Algumas decisões ainda são questionáveis, mas não seria justo apagar tudo que foi apresentado além das excelentes linhas de diálogo. Se até Sherlock Holmes comete erros, o que dizer de meros mortais como Mark Gatiss e Steven Moffat. O importante é que eles ainda possuem bastante crédito.

Embora existam contratos para uma quinta temporada, ainda não é possível cravar que ela vai sair do papel. Curiosamente, esse quarto ano marca um recomeço para Sherlock e Watson, que terminam fazendo aquilo que são especialistas: receber clientes em Baker Street e resolver seus casos curiosos. Quem sabe alguns deles não se transformam em outra boa história ¯\_(ツ)_/¯