O ano de 2022 foi, e continua sendo, o ano dos BLs, e se você ainda não sabe o que esse termo significa, saiba que esse texto vai abrir as portas para um gênero televisivo que só cresce com dramas cada vez mais atrativos e diversificados. KinnPorsche, um estrondoso que levou a criação de uma banda e a uma turnê mundial, ainda hoje leva o nome de seus personagens e atores para os tópicos mais comentados do Twitter frequentemente. Mas o que significa BL, onde começou e por que essa fama toda?
Foi em volta dos anos de 1970 que o que hoje nós conhecemos como Boys’ Love (BL) foi introduzido aos gêneros literários lá no Japão, com o termo Yaoi. Esse termo, por mais que ainda seja utilizado até hoje, esteve muito relacionado com a fetichização do romance entre dois homens, trazendo uma narrativa ligada à erotização dos personagens, então a mudança de termo foi uma escolha feita para tirar um pouco do estigma que havia sido criado tantos anos antes.
O gênero chegou primeiro como mangá shounen-ai, que descrevia relações de jovens rapazes. Antes disso, os autores (homens, em sua maioria) costumavam descrever suas personagens mulheres como seres sem graça e de maneira muito sexista. Mas com a explosão de autoras no mercado japonês, a representatividade passou a ser feita através dos corpos masculinos, pois os homens tinham mais liberdade para agirem como quisessem, diferentemente dos corpos femininos, muitas vezes apresentados de maneira submissa.
Por isso é dito que seu público-alvo, no começo, eram as mulheres. Até os personagens são, em sua maioria, advindos de um espaço sócio-econômico que muitas mulheres almejam em um parceiro. Mas quem não almeja um relacionamento com alguém dependente e estável financeiramente, não é?!
Hoje em dia, o público que assiste e lê obras BLs vai além de jovens mulheres. Uma grande parte comunidade LGBTQIA+ se mostra muito interessada nessas obras, cansados de obras apenas heteronormativas, e ali encontram mais representatividade, em que um casal homoafetivo pode sim ter um final feliz.
BLs Tailandeses
O país onde temos as produções, literárias e televisivas, mais populares é a Tailândia. 2gether: The Series, KinnPorsche, Bad Buddy, Not Me e Cutie Pie são algumas produções que mesmo depois de meses, até anos, após sua conclusão, ainda causam alvoroço e muito barulho na comunidade de fãs do gênero.
Tudo começou bem devagar, já que as companhias tinham um certo receio em colocar tão abertamente casais de mesmo gênero nas telinhas. Então começaram colocando-os como casais secundários, mais escondidos para ver a reação do público… e deu supercerto. E é através das séries BL que podemos ver uma crescente visibilidade da comunidade LGBTQIA+ no Sudeste Asiatico.
Esses dramas são envolventes e trazem pautas sociais complexas, como o dia a dia de pessoas queer. Como em Cutie Pie, que levou uma atenção maior ao direito de casamento entre pessoas do mesmo gênero. Em Not Me vemos um maior ativismo relacionado com a comunidade LGBTQIA+ de forma que o público pode se relacionar com as causas. Os assuntos são tratados com a naturalidade da vida real, mas claro que muitas vezes dentro de histórias fantasiosas que ajudam as pessoas a falarem mais abertamente sobre assuntos como a discriminação, como sair do armário e contar aos pais e como entender melhor e explorar a sua orientação sexual sem medo.
KinnPorsche elevou o jogo na indústria tailandesa, colocando no mapa de celebridades alguns de seus atores, e saindo um pouco do cenário muito visto nos BLs – o cenário estudantil e universitário – ao colocar uma família envolvida com a máfia e suas cenas superpicantes – e põe picantes nisso.
A demanda por BLs cresce exponencialmente todos os anos, e motivos não faltam para todos esse movimento expansivo do gênero. Atores incrivelmente belos, realmente parecendo que saíram dos mangás para a vida real. O talento também se faz presente como motivo e a enorme química entres eles dentro e fora das telas também ajudam a conquistar diversos corações.
Claramente essas obras estão conquistando cada vez mais espaço mundialmente, seja por causa do plot, dos atores, das cenas calientes ou fofinhas – porque todos merecem um romance mamão com açúcar de vez em quando, sim -, então não se espantem quando verem mais e mais obras desse gênero chegando por aí, e conquistando, quem sabe em um futuro bem próximo, as grandes streamings.