Com estreia sábado passado (21/11), a peça Simplesmente Clô tem a missão de contar a história desse ser icônico na história brasileira. Aqui, Eduardo Martini é diretor, produtor e ator, tendo estudado a fundo os trejeitos do antigo apresentador, que serem foram muito marcantes. E, para você quem não sabem quem é Clodovil e a sua importância, façamos uma breve retrospectiva.
Clodovil Hernandes, nascido em 1937, no interior de São Paulo, começou a carreira como costureiro em 1950 – época ainda perigosa para quem não era hétero e não seguia padrões estipulados socialmente, principalmente por conta da ditadura militar, que perseguia, torturava e matava pessoas da comunidade LGBTQ+. Sua família possuia uma loja de tecidos, seu primeiro convívio com a moda, dando pitacos nos vestuários das mulheres da família, sempre escondido do pai. Seu talento para a moda era tão acentuado que, aos 16 anos, vendeu seus primeiros vestidos para uma loja de São Paulo. Por volta da década de 1960, recebeu prêmios pelo seu dom de estilista e conquistou clientes da alta sociedade, chegando a vestir artistas. tais como Elis Regina. Em uma sociedade que ainda importava modelos europeus, Clodovil inaugurou linhas de roupas brasileiras, aumentando seu prestigio. Seu sucesso foi tão grande, que logo conquistou um programa de televisão, no qual era conhecido por suas opiniões fortes e polêmicas, acumulando 45 anos de carreira televisiva, por todos os canais de TV brasileiras. Além disso, também trabalhou como figurinista para novelas, filmes, espetáculos, moda praia…
Ambicioso, não parou apenas na moda, trabalhando também com música, atuando no teatro – sua última peça, “Eu e ela”, foi escrita e dirigida por ele mesmo após ter sido demitido da Rede TV!, causando um furdunço ao aparecer de salto, meia-calça e paletó. Também chegou a trabalhar na Jovem Pam, dando conselhos de moda por alguns minutos por dia. Apesar do seu quadro atrair milhares de fãs, foi demitido ao criticar a esposa do então presidente-general, Costa e Silva. Em 1980, trabalhou na TV Globo com grandes nomes, tais como Marília Gabriela, em um programa matinal voltado ao público feminino, no qual dava dicas de moda e desenhava os modelos ao vivo. Novamente, apesar do sucesso, foi demitido ao bater de frente com a âncora do programa, a própria Marília Gabriela, que insinuou que ele queria ser o dono do programa. Ele ainda passou por diversos outros programas, sempre sendo afastado por motivos polêmicos.
Somente em 2006 que Clodovil resolveu se eleger como deputado federal, pelo PTC, e vencendo com o terceiro maior número de votos em São Paulo. Foi o primeiro homossexual assumido a se tornar político, e seu slogan na campanha era “Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver…”.
No geral, sua vida foi extremamente conturbada, principalmente por culpa de suas opiniões controversas, envolvendo racismo e machismo, perdendo muito do dinheiro ganho em vida pagando processos judiciais. Clodovil faleceu em 2009 por morte cerebral, devido a diversas complicações de saúde. Apesar de todas as ideias tortas, as confusões em que se meteu, Clô foi inegavelmente uma figura incônica no Brasil, e tem a sua importância histórica, sendo uma das poucas pessoas a não serem perseguidas durante a Ditadura Militar por ser gay, por ser considerado uma caricatura e podendo falar abertamente em prol da comunidade – ele apresentou, em sua época de deputado, um projeto de lei para regulamentar a união civil entre pessoas LGBTQ+, por exemplo.
Na obra teatral, o “personagem” Clô, faz um inventário relacionado aos seus 40 anos de carreira como um ser sem meios termos. Amado ou odiado. Simples assim.
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