Uma das coisas que confundem iniciantes na Hallyu, ou onda coreana, é a questão da idade coreana. O sistema etário da Coreia pode ser um pouco confuso para quem está começando a gostar da cultura coreana, seja por causa do K-pop ou dos K-dramas, mas ele não é tão complicado assim. Esse método, que calcula o tempo que você passa na barriga da mãe como sendo um ano, e quando o ano vira, você envelhece mais um ano, não importando a sua data de nascimento, está com os dias contados.
Desde o dia 28 de junho, a Coreia do Sul não segue mais esse sistema, sendo o único país que ainda o usava, já que Japão e China – que uma vez também seguiram esse cálculo – deixaram de seguir entre 1950 e 1976. Até mesmo a Coreia do Norte segue o método internacional desde os anos de 1980.
A mudança veio da unificação do sistema etário, a partir da revisão da Lei Geral da Administração Pública e Lei Civil, e fez parte das promessas de campanha do presidente Yoon Suk Yeol.
Como se não bastasse o sistema único de idade coreano, a sociedade ainda vive com os sistemas de idade internacional e idade de calendário. O internacional é igual ao que conhecemos, que é calculado baseado no dia em que nascemos, já o de calendário é aquele em que subtraímos o ano em que estamos com o ano em que nascemos. Esse último sendo muito utilizado para situações em que a data exata de nascimento de alguém é desconhecida.
Muito foi discutido sobre essa mudança, principalmente sobre a questão educacional e de aposentadoria, e como isso pode prejudicar os cidadãos. Porém, essa mudança ajudará mais do que irá prejudicar, mesmo que no começo cause um certo sentimento de estranhamento, pois, no quesito legal, a idade internacional já está em vigor desde 1962 e isso gera confusão em relação a ações de serviços administrativos e previdenciários, ou mesmo para interpretar a idade para seguros e contratos de trabalho. A realidade é que essa movimentação só afetará o dia a dia das pessoas que precisam se acostumar a serem mais novas.
O país do K-pop é muito preso à idade, utilizando-a como método hierárquico cultural e social, em que se é visto com horror alguém que trata uma pessoa mais velha pelo primeiro nome e não por hyeong, unnie, oppa ou nuna – expressões que os mais novos devem utilizar depois do nome dos mais velhos, dependendo do gênero do falante e do ouvinte. Talvez com essa mudança seja possível ver um certo desprendimento dessa regra social antiquada que muitos já veem como prejudicial.
Algumas pessoas apontam que “virar” mais novos vai ajudar muito com o psicológico, pois pode trazer um sentimento de que poderão recuperar um tempo perdido. Outros acreditam que nada mudará em relação à cultura, pois a lei não tem tanto poder sobre o quesito cultural e, de certa forma, tradicional de ver os outros sob lentes etárias.
Lentamente, o governo está implementado materiais de auxílio para a população se acostumar com a mudança. Mês passado foi pedido para os escritórios de educação montarem os materiais que serão utilizados para que a transição seja suave.
Ainda assim, mesmo com a mudança, algumas coisas ficaram isentas. Por exemplo, para a compra de cigarros e bebidas alcoólicas, a idade continuará 19 anos – usando o método de subtrair o ano vigente do ano de nascimento. Para o alistamento militar obrigatório, a idade de 19 anos também continua sendo baseada no ano em que a idade é completada, não sendo levado em consideração o dia e o mês.