Crítica | Turma do Peito: a maternidade também pode ser uma comédia

Dramédia exclusiva da Netflix, Turma do Peito (The Letdown) é uma opção interessante de série com temática nem sempre bem destrinchada: a maternidade

Mostrar que a maternidade não é aquele mar de rosas é algo praticamente obrigatório para qualquer produto audiovisual que se proponha a fazer parte do nosso tempo atual, mas em Turma do Peito (The Letdown), nova série exclusiva da Netflix a trama cai de cabeça nesse tema. Vale ressaltar aqui que não se trata de uma produção original da plataforma de streaming, já que originalmente o programa australiano foi exibido pelo canal ABC.

A história de Turma do Peito aborda a vida de Audrey (Alison Bell, que também é a criadora da série), uma mulher que está com um filho de dois meses e busca apoio num grupo de suporte para pais. Determinada a não ter uma vida definida apenas pela maternidade, lá ela acaba conhecendo outras mães que aparentemente estão se saindo muito melhor na criação dos filhos.

duas mães do grupo de apoio mostrado na série

Isso permite que o texto trabalhe diversos temas que são pouco abordados em relação à maternidade, principalmente os que abrangem o quanto a sociedade pode negligenciar um tratamento respeitoso com as mulheres. Isso se dá na série através de alguns exemplos como a sogra que quer impor os seus valores na criação do neto, o tempo de espera para o casal voltar a ter relações sexuais depois do parto, religião (batizar o filho mesmo sendo ateu?), mudanças neurológicas etc.

Dentre os perfis em Turma do Peito temos a mãe a empresária, mãe gay solteira, a que trabalha cuidando dos filhos e da casa e até o pai que assume esse tipo de papel, sem contar naquelas que conseguem fazer que tudo aparente ser perfeito com fotos nas redes sociais. O leque é muito grande e com diversas possibilidades para criar situações interessantes na série da Netflix.

Alison Bell como audrey em Turma do Peito, rodeada de livros e bagunça

Ocorre aqui uma mescla interessante de personagens encaixados em estereótipos e outros que condizem mais com a realidade do dia a dia e a maioria deles com boa dose de carisma, tornando o casting bastante equilibrado. O destaque vai mesmo para a protagonista da série, Alison Bell, com bastante presença de tela e desenvoltura para desempenhar seu papel, que hora exige humor e, em outros momentos, uma dramaticidade mais carregada.

Não precisa ser um(a) entusiasta de maternidade ou desejar ter filhos para curtir Turma do Peito: essa série da Netflix deve agradar a qualquer um que deseja um humor inteligente colocado num contexto social interessante, algo que acontece em outra série australiana de sucesso: Please Like Me.