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Trocados: deve ter sido gerado no chat gepetê

Mesmo levando em conta toda a superficialidade envolvida num filme do porte de Trocados, ou seja, uma produção que só existe para preencher um espaço natalino no catálogo de algum streaming (no caso, a Netflix), é de desconfiar que uma IA bem safada tenha sido usada na concepção do roteiro creditado a Victoria Strouse e Adam Sztykiel, que também conta com a contribuição de Amy Krouse Rosenthal – autora do livro base para o longa.

Na trama, com os filhos crescendo e ficando mais independentes, Jess e Bill Walker tentam de tudo para manter a família unida. No entanto, um encontro inesperado faz com que os Walker troquem de corpo no dia mais importante de suas vidas, forçando-os a trabalhar em equipe para conseguir o que querem.

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A trama preenche o checklist dos filmes de troca de corpos, do tipo Se eu Fosse Você ou Sexta-Feira Muito Louca, mas erra ao fazer isso de uma forma tão genérica que a impressão que fica é de que alguém jogou o livro de Rosenthal numa plataforma do tipo Chat GPT e pediu uma adaptação daquele conteúdo para longa-metragem. Não quero fazer troça com a recente greve dos roteiristas na indústria de Hollywood, mas a tentação de questionar se ela ainda está em vigor é grande.

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A responsabilidade para que todo esse apunhado de clichês faça algum sentido é do diretor McG, que consegue entregar o esperado para alguém que trouxe ao mundo filmes como As Panteras (2000) e O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009).

Quando tudo é tão genérico, a esperança de alguma qualidade acaba residindo no carisma do elenco, e na mão de obra disponível, três são os que mais se destacam. Primeiro, Jennifer Garner, que está bem afiada para o humor padrão e alimenta o saudosismo ao relembrar sua personagem de De Repente 30 (2004). Em seguia, temos Ed Helms, conhecido pelo público da série The Office e dos filmes da franquia Se Beber Não Case, também colocado no humor sem brilho e algumas sacadas musicais. Dos filhos do casal, quem mais aparece é Emma Myers, presente na série Wandinha como a melhor amiga da protagonista, mostrando aqui um certo jeito pra coisa, mesmo limitada pelo fraco roteiro.

Vale ver Trocados, pelo menos no Natal?

Sendo assim, o esperado para Trocados é que os temas abordados passem principalmente pela empatia, devido à troca de corpos, para essa família resolver suas desavenças à medida que um sinta na pele o problema do outro. Como produção natalina mesmo, há pouco aqui para além da decoração e da ambientação. O que deveria emocionar não emociona, as situações são de torcer o nariz e a suspensão de descrença do espectador acaba desregulada. Pra piorar, o filme não é nem engraçado. Dá pra perdoar? Pode ser uma boa opção para você assistir na sala, junto com aquele outro primo que mais fica prestando atenção no celular do que na TV. Mas nada além disso.