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Trancada

Uma mãe solo bastante problemática, que cuida de uma criança e um bebê, fica trancada na despensa da casa que está caindo aos pedaços. Essa é a premissa simples do roteiro de Melanie Toast em Trancada (Shut In, 2022), com direção de D. J. Caruso (que está por trás de Paranoia e Triplo X), que propõe um suspense de baixo orçamento bastante competente em sua execução tanto claustrofóbica quanto desesperadora da mãe em deixar seus filhos sozinhos.

Para ampliar o problema, a história ainda coloca o ex-marido viciado e um pedófilo em cena, que geram boas e aflitivas situações, como aquela do braço por debaixo da porta e as consequências desse gesto. O filme destaca o protagonismo de Rainey Qualley (que tem uma irmã mais famosa, a Margaret Qualley), uma personagem que a princípio é difícil de gostar, muito pela maneira áspera com que trata as crianças.

Mas é justamente essa jornada de redenção que o roteiro de Trancada quer promover, deixando a moça enclausurada, não só a fim de escapar da situação, como, principalmente, para reavaliar seus princípios. E nesse sentido, tanto texto quanto a direção não poupam o público de elementos cristãos dentro da despensa, como o rosário no canto, a Bíblia que guarda outro tipo de fortuna, o crucifixo na parede que revela novas oportunidades etc., que não deixam a cafonisse de lado, mas ao menos investe em um discurso autoral, algo entre “ e família”.

Rainey é esforçada e consegue transparecer o desespero, o esforço e a ira de uma maneira até que bastante naturalista. Os adversários são um pouco formuláicos e com diálogos telegrafados, mas funcionam na proposta opressora que representam. O destaque mesmo fica para a adorável Luciana VanDette, que consegue contribuir com momentos engraçados e de fofura mesmo em meio ao desalento.

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