A essa altura, a maioria dos fãs já tiveram a oportunidade de conferir Thor: Amor e Trovão nos cinemas. O longa dirigido por Taika Waititi tinha como missão adaptar alguns arcos dos quadrinhos de uma forma que convencesse, e se isso foi bem-sucedido ou não cabe a cada um decidir (nossa crítica pode ser lida neste link). Um dos principais desafios era como teríamos o papel de Jane Foster, a Poderosa Thor vivida por Natalie Portman, inserido na trama. Será que deu tudo certo?
Natalie Portman: de uma Jane Foster esquecida para Poderosa Thor
Muita expectativa foi criada para a colaboração de Portman e os motivos faziam muito sentido. Primeiro porque a personagem não teve o devido destaque nos primeiros filmes, sendo completamente esquecida para o terceiro. Como bem sabemos, ela não passou de um instrumento para a narrativa andar, sendo, no máximo, uma mulher em apuros a ser salva pelo super-herói. Ironicamente, a sábia construção dos dramas do personagem de Chris Hemsworth em Vingadores: Guerra Civil e Ultimato incluíram uma pequena participação de Jane Foster, e mesmo que continuasse sendo por um tempo minúsculo, vale ressaltar que qualquer segundo num filme com dezenas de protagonistas é um baita tempo.
Com isso, percebeu-se que apostar na diversidade, ao passo que a personagem teve uma boa aceitação (e desenvolvimento) nos quadrinhos na fase de Jason Aaron, seria uma jogada bastante segura. Sendo assim, logo tivemos o anúncio de que teríamos Portman empunhando o Mjölnir na sequência de Ragnarok.
As inspirações para Amor e Trovão
Para esse projeto, Kevin Feige e Taika Waititi combinaram que as principais sagas a serem adaptadas seriam não apenas a de Jane Foster como Poderosa Thor, mas também a saga O Carniceiro dos Deuses. Ambas foram roteirizadas por Jason Aaron e, para viver o vilão Gorr, o contratado precisava ser um nome de peso, então a escolha de Christian Bale, que agradou muita gente como Batman na trilogia de Christopher Nolan, pareceu a opção correta. Independente do resultado final, fica bastante claro que a Marvel não quis se aprofundar muito para construir os dramas e as motivações do vilão, dando muito mais ênfase a Jane e sua relação com Odinson.
Então cabe a esse texto ressaltar a coragem do roteiro em inserir na trama um tema pesadíssimo, que é o câncer da personagem nos quadrinhos e que muitos duvidavam que a Disney permitiria no cinema.
Natalie Portman está muito bem no papel, conseguindo dosar drama e humor corretamente e entrega bastante personalidade. Seu visual contrasta os momentos do tratamento da doença com toda a graciosidade que um deus do trovão emana, sem esconder também uma certa dose de brutalidade e rusticidade devido à sua força quando está com o martelo. Outro ponto que ajudou a heroína a se diferenciar positivamente é usar o Mjölnir com fragmentos para derrotar os oponentes, permitindo que ele se divida em diversas partes e atinja múltiplos inimigos.
E se Chris Hemsworth foi amplamente criticado nos primeiros filmes solo por não usar o bendito do elmo, ao menos aqui nossa querida “Thora” o utiliza bastante, como na sua primeira aparição como divindade, na imagem do topo dessa publicação.
A cereja desse agradável bolo, no entanto, é a mensagem deixada pela personagem de Jane Foster. Se tivemos Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans), empunhando o martelo por uma questão trabalhada ao longo dos filmes do MCU como sua honra, bondade e um espírito justo de luta, aqui temos Jane mostrando que a sua dignidade vem de uma luta bastante diferente, que é a contra o câncer. Ao mesmo tempo, ela não deixou de ajudar o próximo em momento algum, como podemos observar tanto em Amor e Trovão quanto nos filmes anteriores do Thor.
Mas e o seu futuro no MCU?
Um ponto negativo, infelizmente, é a não continuidade da personagem ao final do filme. O tempo de atuação de Jane como Poderosa Thor se limitou apenas à duração de Amor e Trovão, sendo que a personagem possui potencial para ainda mais narrativas. Nos quadrinhos, sua longevidade a fez ser demasiadamente questionada pelos deuses nórdicos, no qual uma interessante intriga política foi travada contra Odin e cia. Também tivemos uma fase de Jane atuando como Valquíria, o que não seria uma má ideia também, visto que agora ela se encontra no Valhalla – como vimos na cena pós-créditos de Amor e Trovão.
Falamos bastante sobre o recente filme no Cosmo Podcast #3 – clique aqui para ouvir o nosso papo!