The Day Will Come When You Won’t Be, primeiro episódio da sétima temporada de The Walking Dead, foi foda. Isso não se discute. Teve impacto direto no coração e na mente dos fãs, causou desespero, fez as redes sociais enlouquecerem e até trouxe de volta quem tinha abandonado a série tempos atrás (atitude totalmente justificável). Mas isso não era mais que uma obrigação. Existia uma dívida aberta com quem acompanha o martírio de Rick e seus amiguinhos desde a primeira temporada.
Poderia ter sido o season finale perfeito da sexta temporada, se os produtores (com Robert Kirkman entre eles) não tivessem escolhido fazer o jogo do “quem morreu?” Foram gastos meses em uma discussão sem sentido, onde todas as energias poderiam ser direcionadas para especulações sobre os caminhos da nova temporada. Seria bem mais produtivo.
Nesse tempo, as cabeças pensantes por trás de The Walking Dead tiveram que dar inúmeras explicações e fazer promessas de que tudo seria recompensado. E para a sorte deles, e deleite nosso, isso era realmente verdade. O que vimos no último domingo foi uma aula de como consertar uma enorme cagada. Além de miolos espalhados pelo chão.
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Desabafo feito, hora de falar do episódio. Que pode muio bem ser resumido em dois personagens: Rick e Negan. Rick estava com o ego inflado após seus últimos feitos. Na última temporada presenciamos sua ascensão como um deus, incapaz de ser desafiado e derrotado. Todo o papo de conhecer a crueldade do novo mundo colou até onde foi possível. Fez dele um líder repleto de seguidores. Mas agora isso não existe mais. Ele foi destruído, despedaçado por cada vez que Lucille beijou os crânios de Abraham e Glenn.
Destaque para a atuação de Andrew Lincoln, que transmitiu todo o desespero da situação através do olhar. Quando está diante do dilema de ter que cortar o braço do filho para salvar o restante do grupo, é possível ver um homem na beira do abismo da loucura. Pontos para o terrorismo mental de Negan. Aquele que sempre comandou, de repente estava rastejando no chão. A queda de um símbolo.
Talvez faltem adjetivos, positivos e negativos, para definir Negan. Ele é aquele VILÃO (sim, em caixa alta) que a série nunca teve. Quem melhor representa o atual cenário da humanidade desde que os zumbis surgiram. Ele controla e aplica o caos diante de seus alvos, mantendo uma postura natural. Nunca exaltado demais, liberando sua fúria em doses homeopáticas. Ele não enxerga maldade em seus atos, apenas uma extensão da nova sociedade. E de fato, quem chegou até esse momento teve que sujar as mãos. Podemos debater sobre maldade e bondade nesse mundo.
Jeffrey Dean Morgan estava brilhante. Deu voz e personalidade para um personagem que já arrancava arrepios nos quadrinhos. Agora ele é de carne e osso. E isso causa mais medo do que qualquer multidão de zumbis. O jogo de câmeras também foi muito bem executado, colocando Negan sempre maior que os outros personagens. Assim o espectador consegue sentir a impotência de Rick e seu grupo. Um terror que a série havia deixado de lado muito tempo atrás.
Sobre as mortes, não foram lá tão surpreendentes assim, apesar de toda a brutalidade. Claro, houve a bela homenagem aos quadrinhos com a execução de Glenn. Idêntica em todos os sentidos. Abraham manteve a postura até o final, mas ninguém vai lembrar até o final do ano. Na HQ, sua perda é mais sentida. Foi uma saída inteligente, afinal. Imagina a enxurrada de explicações que o produtores teriam que dar se resolvessem matar um Daryl da vida ¯\_(ツ)_/¯
The Day Will Come When You Won’t Be é um marco para The Walking Dead. Com a sexta temporada finalmente concluída, a sétima agora tem espaço para crescer e ficar com o título de melhor de toda a série. Resta esperar que os produtores não aprontem novamente, logo agora que as esperanças foram recuperadas.
Obs: O simbolismo no final do episódio merece destaque. Rick encarando um zumbi pelo retrovisor, claramente nos dizendo que isso é passado e que a grande ameça agora são os humanos. Mesmo que isso não seja uma grande revelação…
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