A terceira temporada de The Walking Dead: Daryl Dixon chegou ao fim no Prime Video com um episódio que tenta reunir ação, drama e sátira social, mas que entrega tudo isso tarde demais. O sétimo capítulo, que encerra o novo arco europeu do personagem, confirma o que se desenhava ao longo da temporada: Daryl e Carol permaneceram distantes por tempo demais, e a ausência dessa parceria, que havia fortalecido a segunda temporada, comprometeu o impacto emocional do encerramento. Confira o nosso resumo e crítica do episódio 7 da temporada 3:
Recapitulação do último episódio de The Walking Dead: Daryl Dixon
Separação que custa caro à narrativa
Grande parte do problema do episódio final está na estrutura. Em vez de funcionar como um clímax, o capítulo se divide em duas linhas paralelas que demoram a convergir. Daryl continua em suas missões de resgate, enquanto Carol permanece em Solaz del Mar, lidando com as consequências políticas e morais de um novo regime autoritário. A tão esperada reunião entre os dois só ocorre nos minutos finais — um reencontro que, embora intenso, chega tarde demais para dar sentido a todo o arco.
O próprio formato do episódio reforça a sensação de incompletude. A AMC já confirmou que Daryl Dixon continuará na Espanha na quarta temporada, o que faz deste final mais um ponto de transição do que uma conclusão. Assim como aconteceu em outras produções recentes, o desfecho se assemelha mais a um episódio comum do meio da temporada, sem a força de um encerramento definitivo.
A crítica social e o banquete dos ricos
Apesar das falhas estruturais, o episódio reserva momentos marcantes, especialmente no arco em que Daryl infiltra-se em um culto pós-apocalíptico de elite. A sequência, que remete a De Olhos Bem Fechados, traz o protagonista disfarçado entre os criados para resgatar Justina, enquanto um grupo de aristocratas espanhóis celebra um ritual macabro.
Durante o banquete, os convidados assistem a uma espécie de espetáculo com marionetes zumbis — uma releitura sombria da orquestra zumbi apresentada na primeira temporada. O caos se instala quando as criaturas escapam de suas cordas e atacam o público, em uma cena que funciona como sátira direta ao abismo social e à decadência dos poderosos.
Essa sequência reforça a veia crítica que a série ocasionalmente explora, transformando o horror em comentário político. Há também momentos visualmente impactantes, como a travessia de Daryl por paisagens cobertas de névoa, marcada pela imagem simbólica de uma estátua de touro envolta em fumaça.
A ação concentrada nos minutos finais
Toda a ação realmente significativa ocorre apenas nos últimos dez minutos do episódio. Daryl retorna a Solaz a tempo de impedir a execução pública de Carol, resultando em uma breve, mas intensa, sequência de combate. O vilão recebe seu destino trágico, e o reencontro dos protagonistas é embalado por uma trilha sonora emocional.
Porém, o ritmo apressado faz com que o clímax perca força. O que poderia ser o ponto alto de toda a temporada acaba resumido a uma conclusão apressada, sem espaço para desenvolver as consequências das ações dos personagens. O último plano mostra o barco de Daryl e Carol em chamas, forçando-os a permanecer na Espanha — algo que já não surpreende, já que as filmagens da quarta temporada haviam sido confirmadas no mesmo cenário.
Crítica final do episódio 7 e da 3ª temporada de The Walking Dead: Daryl Dixon
Um encerramento que reflete os limites da série
A temporada como um todo não chega a ser um desastre. Há destaques pontuais, como a cena de batalha em Solaz, a participação especial de Stephen Merchant no episódio de estreia e o momento “Navajo Joe” de Daryl no trem. No entanto, o conjunto carece de unidade e propósito.
Como quinto spin-off de uma franquia que se estende há mais de uma década, The Walking Dead: Daryl Dixon ainda demonstra fôlego em sua ambientação e no carisma do protagonista, mas já sente o peso da repetição e da falta de fechamento real em seus arcos. O episódio 7 encerra a terceira temporada sem respostas e sem o senso de conclusão que um público fiel esperava.
Talvez o maior desafio da série agora seja reencontrar o equilíbrio entre a ação e o vínculo humano que sempre sustentou o universo The Walking Dead. Daryl e Carol continuam a ser o coração dessa história — resta torcer para que, na próxima temporada, eles finalmente permaneçam juntos o suficiente para que isso volte a fazer diferença.