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The Flash: correndo sem sair do lugar

O melhor filme de super-heróis de todos os tempos da última semana. É justo parafrasear a música dos Titãs para começar a falar sobre The Flash, afinal, o filme foi tratado assim desde as suas primeiras exibições. Empolgação inicial que logo deu lugar a um certo ceticismo na medida em que as críticas completas sobre o filme foram divulgadas. Nem tanto ao céu e muito menos ao inferno. The Flash seria um filme ótimo se existisse em outro contexto, num universo em que pudesse servir mais do que uma mera borracha para os fracassos da DC nos cinemas.

Essa não é uma crítica completa sobre o filme (a missão está nas mãos da nossa excepcional Becky). Aqui é um espaço seguro onde, livre de tantos detalhes técnicos, posso assumir sem culpa que me diverti ao final da sessão de The Flash. Existem trechos de um longa com potencial incrível, do tipo que nos fazia sair de casa empolgados para esse programa num passado cada vez mais distante. Emoção, humor e coração preenchem a tela nesses espaçados momentos. E sim, Ezra Miller entrega tudo o que pode em sua interpretação. Caso seja possível ignorar por duas horas as polêmicas envolvendo o protagonista, você sairá do cinema com um novo herói favorito.

Porém, esse The Flash virtuoso divide espaço com um filme bem menos empolgante. Talvez seja a overdose de multiverso em mim, mas já não me impressiono tanto com a venda de nostalgia barata. Assim como o encontro dos Aranhas em Sem Volta Para Casa, ou tudo que envolve o último Doutor Estranho, as possibilidades da ferramenta parecem sempre se resumir a pequenos acenos para os fãs. Seria hipócrita dizer que as surpresas não foram legais, mas será que é possível fazer algo diferente?

Mas o principal vilão de The Flash surge quando ele nos lembra que ainda é um resquício do Snyderverso. Algumas ideias de Zack Snyder ecoam pelo longa e é impossível se livrar delas. Por mais que o diretor Andy Muschietti se esforce, o fantasma da finada empreitada ainda assombra seu projeto. Para além dos problemas de roteiro e efeitos visuais (alguém chegou a revisar essa parte na pós-produção?), esse filme sofre por estar preso a uma ideia infrutífera. O que é realmente uma pena, porque até o Batman do Ben Affleck funciona melhor no pouco tempo em que está em cena.

The Flash brilha mais quando decide abraçar a comédia de peito aberto, sem medo da galhofa e do rótulo de “DC sombria”. Infelizmente, o que poderia ser uma corrida do auge da Fórmula 1 acaba se revelando como uma prova de Fórmula Indy. Emocionante em alguns momentos, mas que não passa de uma longa volta em círculos.