HQ da Marvel oferece boa história de introdução ao Pantera Negra
Como sabemos, 2016 tem sido (e ainda será) um ano movimentado em relação ao cinema nerd. Deadpool surpreendeu muitas pessoas com um filme barato, honesto e bem-humorado. Depois da esperada estreia de Batman Vs Superman – A Origem da Justiça, continuamos com as polarizações em Capitão América – Guerra Civil e nos divertimos um tanto com X-Men – Apocalipse. Ainda no tangente da Guerra Civil, um dos personagens mais bem trabalhados foi o Pantera Negra. Tendo em vista o que o herói representa e o fato de ter agendado seu filme solo para 2018 é importante buscar desde já referências nas HQs para termos base de comparação no futuro enquanto enriquecemos nosso conhecimento, e “Quem é o Pantera Negra” cumpre muito bem esse papel.
Sinopse: Por séculos o reino africano altamente avançado de Wakanda foi protegido pelo seu nobre rei guerreiro, o Pantera Negra. Agora, o atual soberano, T’Challa, precisa lutar para proteger seu povo de um novo grupo de invasores que deseja saquear suas terras e os incríveis recursos naturais que lá existem.
A trama se sustenta em alguns aspectos como a representatividade de Wakanda perante o resto do mundo e como isso influencia na política internacional; a linhagem do Pantera Negra e o como o país se vê perante a esse representante máximo; e a relação do vilão Ulysses Klaw, vulgo Garra Sônica, com esses dois elementos.
Wakanda é retratada de modo sensacional no texto de Reginald Hudlin. O país fictício tem vida própria aqui indo além das paisagens, como se fosse um personagem intrinsecamente ligado ao Pantera Negra. Mostra também como a nação sobrevive às investidas contra sua soberania ao longo dos anos, ao mesmo tempo que o governo estadunidense discute a viabilidade de uma nova investida (tarefa difícil, já que o próprio Capitão América fora derrotado anteriormente). Datado de 2005, o arco propõe um desligamento temporário importante do personagem a supergrupos da Marvel e faz justiça ao que a editora estava devendo até então. Outra abordagem interessante é sobre a figura do Pantera Negra, onde na sua terra “é o rei, o papa, o comandante e presidente”. Uma vez por ano esse cargo é posto à prova, onde qualquer cidadão de Wakanda pode desafiá-lo e tomar seu lugar, CASO vença.
Já o antagonismo não funciona muito bem. O flashback mostrando o papel de Ulysses Klaw na morte do rei T’Chaka é interessante, mas as coisas se embananam no tempo presente. Alguns vilões não conseguem o desenvolvimento esperado. O Cavaleiro Negro, por exemplo, possui uma introdução bem elaborada para um personagem mal aproveitado mais adiante, sem contar a mistura religiosa desnecessária. O desfecho da história também não agrada, fica a impressão de um término apressado com soldados zumbis.
Aspecto interessante também é intencional pouca profundidade no próprio T’Challa em grande parte. Apesar do Garra Sônica ser intimamente ligado à sua origem, há uma preocupação maior em passar a imagem do Pantera Negra não como uma figura heróica acima de todos, mas um reflexo da nação de Wakanda, um cidadão como qualquer outro naquela terra privilegiada rica em vibranium.
Ótima pedida para quem conhece pouco ou nada sobre o personagem, o arco deve fornecer boa parte do que será mostrado nos cinemas em 2018, mas isso é assunto para outro momento. “Quem é o Pantera Negra” se passa entre as edições 1 e 6 do volume 4 das HQs do herói, e no Brasil é distribuído pela editora Salvat. Já o filme solo protagonizado por Chadwick Boseman estreia nos cinemas em 2018.