Sob o risco de ter seu fim decretado, Agents of SHIELD precisa se reinventar
A SHIELD foi muito bem desenvolvida no universo Marvel ao longo dos primeiros filmes. Começando com Homem de Ferro (2008), numa participação pontual do agente Coulson (e na cena pós-créditos) até o grande evento que foi Os Vingadores (2012). Isso empolgou suficientemente a Disney, que deu sinal verde para uma série de TV produzida pelo canal ABC onde o incrível Clark Gregg ressuscitou como Phil Coulson para protagonizar o programa. Três temporadas se passaram, mas as coisas não parecem tão bem – e isso não aparenta ser um mero problema criativo.
O fato é que a audiência está cada vez menor, e isso não é à toa. Na primeira temporada haviam curiosos pelo tal envolvimento com os filmes, que aos poucos foram desistindo, a segunda se estabeleceu pela qualidade e a terceira não empolgou o suficiente. Um reflexo disso são os cancelamentos de Agent Carter e Most Wanted (antes mesmo da estreia). Sendo assim, o risco de Agents of SHIELD ser cancelada logo no quarto ano é considerável. Mas qual é o real problema, e como escapar desse doloroso final?
A série é muito corrida. Alguns monólogos motivacionais gratuitos também não ajudam. É como se os acontecimentos não tivessem o peso necessário no universo Marvel ABC. O fato dos personagens martelarem o tempo todo no próprio drama os torna enfadonhos de acompanhar. Mas nada supera a falta de habilidade na rotatividade de personagens, e em todas temporadas temos exemplo disso: na primeira com Garrett (numa cena pós créditos para matá-lo de forma ridícula), na segunda com Jiaying (Dichen Lachman) e seu incrível reduto de inumanos, e na terceira com Lash onde mudaram todo o propósito do personagem e o descartaram.
Não que Agents of SHIELD deixe de ter méritos. Sacadas tecnológicas são usadas o tempo todo da forma mais criativa possível, e em certos diálogos o humor é muito bem encaixado (cheio de referências pop como Exterminador do Futuro e Star Wars), principalmente em personagens doidos como o pai de Daisy (vivido pelo excelente Kyle MacLachlan). Aqui e acolá surge um personagem com habilidades super legais (teleporte de Gordon), há um grande potencial “X-Men” não aproveitado nesse balaio inumano. E se a obrigação em respeitar o que acontece nos filmes limita os acontecimentos aqui, ao menos fornece algum fã service a cada temporada quando algum episódio possui envolvimento direto com o cinema, o que aconteceu com Thor, Capitão América – Soldado Invernal e até Guerra Civil.
Sendo assim, nem tudo está perdido. Aproveitar melhor os personagens novos, com um roteiro menos acelerado e menos episódios seria uma opção (chega de HIDRA!). Há pelo menos meia duzia de personagens valiosos na série como Daisy (Chloe Bennet). O gancho deixado para a quarta temporada é interessante (uso dos MVAs), mas Agents of SHIELD precisa se reinventar de alguma forma e poderia começar saindo do seu mundinho particular de uma vez por todas, e não apenas em datas que coincidem com lançamentos do cinema Marvel. Por que não uma parceria com a Netflix, inserindo seus personagens junto de Demolidor e Jessica Jones ou até mesmo migrando de vez para o serviço de streaming? Isso tiraria a pressão por audiência, possibilitando que Jed Whedon e sua turma façam as correções necessárias para a sobrevivência da SHIELD.
- Leia também: Shazam! é pouco mais de duas horas de pura diversão | Crítica
- Análise: O grande erro de Love, Death & Robots, da Netflix
Continue ligado no CosmoNerd para mais novidades e análises da cultura pop, geek e nerd. Diariamente publicamos conteúdo em áudio, vídeo e texto sobre filmes, séries, quadrinhos, livros e games.
Não deixe de se inscrever em nosso canal no YouTube. Curta, comente e ative as notificações.