Planeta dos Macacos: O Reinado Planeta dos Macacos: O Reinado

Planeta dos Macacos: O Reinado estabelece o novo passo da evolução da franquia

A franquia “Planeta dos Macacos” possui diferentes fases na cultura pop. Temos os filmes clássicos, uma série de TV e uma tentativa de reboot do Tim Burton, dentre outros. A mais nova empreitada tinha sido a ótima trilogia de Cesar, tendo os dois últimos filmes dirigidos por Matt Reeves (‘The Batman’) como os mais impactantes. Dito isso, o diretor Wes Ball (Trilogia ‘Maze Runner‘) teve uma difícil tarefa em dar mais um passo na construção desse universo com Planeta dos Macacos: O Reinado, pois as expectativas estavam altas. Será que o diretor conseguiu manter a qualidade da trilogia anterior?

Gerações se passaram desde a morte de Cesar (Andy Serkis). Tanto tempo que agora os macacos se distribuem entre tribos, cada uma com sua cultura e interpretações dos ensinamentos do famoso símio. A tribo do protagonista Noa (Owen Teague), por exemplo, cria águias para ajudar na caça e vive isolada do resto do mundo, nem mesmo sabendo da existência do antigo líder dos macacos. Tudo isso muda quando ele entra em contato com o exército de Proximus Cesar (Kevin Durand) e uma humana (Freya Allan).

Saber que o diretor Wes Ball comandará a adaptação live-action de “The Legend of Zelda” me deixa animado, pois a melhor coisa de “Planeta dos Macacos: O Reinado” é a construção de mundo. Eu estava muito curioso para saber como seria uma continuação depois da trilogia passada e como esses novos filmes fariam para conectar-se com a história clássica. Fiquei feliz em ver um mundo interessante onde cada tribo de macacos possui sua própria cultura e crenças. Tal como em “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, a palavra do grande líder que trouxe a liberdade se perdeu com o tempo, sendo deturpada por uns ou até esquecida por outros. Enquanto Proximus usa o nome de Cesar para dominar e usar macacos a seu favor, outros como Raka (Peter Macon) tentam entender o que ela significava para aprender mais sobre o passado como uma forma de guiar para o futuro.

Outro destaque que já é comum na franquia são os efeitos especiais. Infelizmente, não temos nenhum ator mestre na captura de movimentos como Andy Serkis. Mas é sempre impressionante ver um filme onde mais de 90% dos personagens são digitais feitos a partir dessa tecnologia. Noa é um protagonista carismático com uma jornada do herói bem clichê, mas eficaz. Além disso, sua interação com outros macacos e com a humana Mae (Freya Allan) geram momentos interessantes, principalmente no terceiro ato quando as relações entre humanos e macacos acabam ficando mais complexas.

O vilão Proximus, por outro lado, possui uma certa imponência mas acaba aparecendo pouco, o que faz com que ele tenha um desenvolvimento fraco de personagem. A história, apesar de simples e com alguns momentos previsíveis, consegue instigar pela maior parte do tempo, principalmente pela eficiência do diretor em contar uma história de jornada tanto externa como interna do nosso protagonista. As cenas de ação também não deixam a desejar, sendo bem claras de entender o que está acontecendo e com um nível adequado de tensão.

“Planeta dos Macacos: O Reinado” tem o azar de vir depois de uma trilogia excelente e com certeza será muito comparado. Não temos um protagonista no nível de Cesar ou um diretor com a capacidade de Matt Reeves, mas um filme que tem muito poder para começar um novo capítulo da franquia, com seu próprio desenvolvimento de mundo e mitologia. Os temas já conhecidos estão de volta, principalmente essa tensão entre humanos e macacos e também o papel da natureza nisso tudo. Planeta dos Macacos, como toda boa ficção científica, fala sobre temas atuais através de um cenário fantasioso, e aqui isso não é diferente. Espero que esse seja um novo passo evolutivo nessa franquia tão clássica.