Um grande catálogo não é tudo
Há alguns dias, quando foi divulgado o serviço de streaming HBO Max, muitos ficaram empolgados e surpresos com o seu enorme catálogo. Claro, um serviço que junta Warner, HBO, Crunchyroll dentre outros é algo que salta aos olhos. Mas um bom serviço de streaming é feito só de um bom catálogo?
Nos últimos meses, tive a oportunidade de testar alguns serviços, como: Amazon Prime Video, HBO Go e Telecine Play, além da Netflix, que já sou cliente há uns bons anos. E por isso, fui atrás de outros serviços, o catálogo da Netflix se esgota em algum momento e suas produções originais não tem mais a qualidade que tinham no começo, salvo algumas exceções. Mas a minha experiência com esses serviços me mostrou porque a Netflix ainda está anos luz em questão de qualidade. Nesse texto vou falar o que a HBO Max precisa ter para fidelizar seu público.
O que é Usabilidade
Para começar a minha análise sobre esses serviços é preciso deixar algumas coisas definidas, e vou tentar ser o mais breve possível. Existem na computação e no design, em geral, os conceitos de usabilidade, interface do usuário e experiência do usuário também chamados de UI e UX. Explicando de uma forma simples, elas definem o quão fácil, prático e prazeroso é para que o cliente possa interagir com um produto. Pense numa maçaneta de porta, o seu design praticamente chama para que sua mão encaixe nele e seja movido para cima ou para baixo.
Amazon Prime Video
Entendido esse conceito, eu posso começar a explicar o que quero dizer. Começando com o Amazon Prime Video, que é o único desses que ainda mantenho, além da Netflix. O Prime possui um bom catálogo e ótimas produções originais, além disso possui um preço bastante acessível (depois do período de testes fica somente R$14,90). Mas não adianta ter um bom catálogo se é difícil encontrar o que você quer assistir por lá.
A usabilidade do Prime é sofrível. É difícil procurar filmes, séries pelo nome ou por gênero. Além disso, as imagens dos filmes são pequenas, de má qualidade e em alguns momentos é até trocada. Some isso com uma interface lenta e travada e temos uma experiência horrível para o usuário. Para finalizar, ainda existem aqueles comerciais irritantes antes de assistir qualquer coisa. Eu estou pagando e ainda preciso ver comerciais?
Telecine Play
Falando da Telecine Play, eu fiquei realmente impressionado com o catálogo do serviço. Existe uma quantidade enorme de filmes antigos e lançamentos e acredito que vale até a pena pagar caro pelo serviço. A navegação é fácil e a forma como eles dividem os filmes por categorias não-comuns é bem legal. Em questão de catálogo, o problema é que eles não tem séries, sendo um serviço exclusivo para filmes. Tudo isso seria muito bom se o aplicativo funcionasse direito.
Em todas as vezes que tentei dar play em algum filme, tive que repetir a ação várias vezes, porque sempre dava um erro diferente. Ou seja, o serviço acerta em várias coisas, mas falha em sua estrutura para funções básicas. Outro problema do Telecine é a falta de opções de linguagens, geralmente oferecendo somente o áudio original, dublado em português e legendas em português.
HBO GO
Finalizando com HBO GO, o pior de todos. Assinei esse serviço, como muita gente, por causa de Game of Thrones, mas também queria aproveitar para ver outras séries e filmes. A qualidade do catálogo da HBO é indiscutível. Você encontra grandes obras clássicas da TV e do cinema. Mas é incrível como uma empresa desse tamanho pode entregar um serviço tão ruim. O catálogo de filmes é pequeno, a navegação no aplicativo é horrível, existem diversos problemas de conexão e execução de vídeos, os filmes não voltam de onde você deu play, a impossibilidade de assistir um episódio na hora do lançamento e outros problemas.
Um dos piores problemas é que a ordem dos episódios das séries é invertida, induzindo o usuário a começar pelo último episódio, caso ele não esteja prestando atenção. Você pode estar me achando burro por falar isso, mas no design a gente aprende que tem que entregar tudo na mão do usuário, as pessoas não querem pensar, pensar gasta energia.
Porque a Netflix é gigante
É aqui que quero chegar quando falo que a Netflix está a anos-luz de todos esses serviços. Navegar na Netflix é fácil, rápido, prático. Você não precisa perder tempo escolhendo porque ela joga indicações na sua cara a todo momento. Se você vê uma série, com certeza vai saber quando sair uma nova temporada. São diversas coisas simples mas que no final do dia tornam a experiência do cliente muito mais prazerosa. Isso não é uma propaganda da Netflix, eu só quero mostrar como a empresa tem um bom time de designers de interface e se preocupam com o bem estar do usuário.
A Netflix não se tornou o que é hoje por causa de catálogo. No início, ela só tinha séries e filmes antigos, não tinha produções originais e raramente possuía um lançamento. O que fez a Netflix se tornar esse gigante foi praticidade, foi assim que ela conseguiu fazer as pessoas desistirem de piratear filmes e séries. A Netflix, hoje, já chega nas casas das famílias instaladas na TV, e pessoas que nunca tiveram contato com interfaces digitais, como é o caso do meu pai, conseguem navegar sem problemas. Cabe a HBO Max aprender com ela e ser tão grande quanto.
Então, não adianta ter um catálogo gigante e de qualidade. O que prende os usuários é a praticidade, facilidade de navegar e um serviço estável. HBO Max tem tudo para ser um grande serviço de streaming, só vamos aguardar que tanto a Warner como a Disney invistam não somente em catálogo, mas também em experiências agradáveis para o cliente.
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