Imagine que você é chamado para participar de um júri de um caso trabalhista simples. Mas, entre as outras pessoas do júri está o ator James Marsden (Sonic – O Filme, Westworld) e várias figuras curiosas. Todos os dias acontecem situações absurdas e tudo está sendo filmado por uma equipe de um documentário. Mas a verdade é que tudo é falso. O julgamento é roteirizado e todos os envolvidos, do juiz, júri e acusado, são todos atores, exceto um dos jurados. Essa é a premissa de Na Mira do Júri (Jury Duty, no original), série que entrou no catálogo do Prime Video.
É um pouco difícil definir o que realmente é Na Mira do Júri. Em sua essência é uma pegadinha muito bem elaborada, onde somente Ronald Gladden é uma pessoa real e todos os outros envolvidos no julgamento são atores com um roteiro. Até mesmo o ator James Marsden está interpretando uma versão supercanastrona de si mesmo. Mas a série vai além, cada personagem ali parece tirado de The Office e tem suas próprias bizarrices e arcos dramáticos. Existem momentos em que a vítima da pegadinha nem está em cena, e temos situações superengraçadas que estão ali para desenvolver os personagens e entreter o espectador.
Mas a série brilha mesmo quando conseguem desenvolver suas situações absurdas na frente de Ronald. As reações que ele demonstra na hora e depois, com as entrevistas para a equipe de filmagem, mostram de forma muito engraçada como ele está recebendo aquela quantidade de loucura. Às vezes fica até difícil acreditar que ele não conseguiu descobrir tudo, mas depois vemos todo o trabalho, a organização e a logística que a equipe de produção teve para alimentar a fantasia. A própria ideia de eles estarem em um júri fechado sem acesso à internet ou ao mundo exterior ajuda muito nesse isolamento de Ronald para que ele fique mais imerso na história construída em torno dele.
Mesmo Ronald sendo a grande estrela (mesmo sem saber) da série documental, os atores envolvidos estão de parabéns por atuarem em tempo quase integralmente e ainda improvisando. James Marsden deve ter um ótimo senso de humor, pois aceitou fazer uma versão tosca e supercanastrona de si mesmo. O roteiro é cheio de situações de vergonha alheia, e ter uma pessoa real interagindo com tudo sem saber que são atores é a cereja do bolo.
Na Mira do Júri é um trabalho hercúleo para entregar uma forma de entretenimento que não é nada comum. A produção da série foi muito feliz em conseguir manter a mentira por dias e ainda construir situações muito engraçadas e absurdas. A série é bem curtinha, e o último episódio tem uma surpresa bem interessante, que vale a pena assistir, fechando com chave de ouro essa obra muito bem pensada e executada. Superrecomendada para quem curte séries de comédia de vergonha alheia, documentários, pegadinhas e várias loucuras que a obra consegue misturar numa gostosa salada.
