Mulher-Hulk Mulher-Hulk

Mulher-Hulk é despretensiosamente incrível

Está chegando ao catálogo da Disney+ a série Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, e aquele receio de que mais uma bomba viria nesta conturbada fase 4 da Marvel Studios felizmente não se confirmou: trata-se de uma produção bem resolvida, trazendo o que há de melhor das adaptações de quadrinhos de super-herói.

Para estrelar a coisa toda, temos a consagrada Tatiana Maslany (ganhadora do Emmy pelo seu papel em Orphan Black) vivendo Jennifer Walters, que aqui e nos quadrinhos da Marvel Comics é a prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo), também conhecido como Hulk. Depois de um repentino acidente, Jennifer acaba contraindo radiação gama para o seu organismo e se torna uma espécie de Hulk.

Digo espécie porque, felizmente, diversos elementos da concepção da personagem foram mantidos para a sua versão em live-action, como a capacidade de se transformar num ser gigante e verde com muito mais facilidade do que o primo. Outro ponto é a vocação de Walters para a advocacia e a atuação no Direito independentemente de estar transformada ou não.

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Esse ponto é o que mais traz identidade para a trama de Mulher-Hulk, roteirizada por Jessica Gao, pois se com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, o grande poder de Jen (já posso chamar ela assim?) é sua formação e, desde o início, a vemos determinada a não abrir mão não apenas dos seus sonhos, mas de ser quem ela é. Quando Bruce Banner faz, no primeiro capítulo, pressão para que ela siga a carreira de super-heroína (insistência que se estende a quase todos ao redor da protagonista), o que temos em discussão é o papel e o lugar da mulher na sociedade – que, diga-se de passagem, é onde ela quiser. Aplicar isso sem forçar a barra é o grande mérito do texto, que possui outras virtudes.

Como o bom uso do tempo de tela, lançando suas questões sem fazer rodeios, o que deixa o espectador bem longe do tédio. As participações especiais fazem jus ao termo, as piadas estão bem colocadas e os efeitos – pasmem – funcionam melhor do que o esperado (pelo menos pra quem assistiu aos primeiros capítulos numa tela IMAX como eu). Não posso deixar de mencionar também a quebra da quarta parede para se comunicar com o público, outra marca registrada da personagem nas HQs e que ganhou força nos cinemas com o sucesso de Deadpool em 2016. O bom disso tudo é que as interações soam bastante naturais e corroboram para a boa dinâmica da narrativa.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis é um programão. Se por um lado há toda uma busca por quais serão as novas grandes sagas da Marvel e seus consequentes grandes vilões, temos uma advogada afetada pela radiação gama para mostrar que uma distração leve e momentânea também se faz necessária.