Mr. Robot foi a melhor série de 2015 e 2016. E tem tudo para reinar novamente em 2017
Por Allef Silva
No ano de 2015 uma série tomou os olhares de público e crítica no mundo inteiro. O que ninguém esperava (ou a maioria) era que essa série mudaria totalmente o modo como estávamos acostumados a ver séries na TV. Não, não me refiro as produções da Netflix, e sim Mr. Robot, dirigida e escrita por Sam Esmail (Eu Estava Justamente Pensando em Você). Nos trouxe uma forma cognitiva de como uma produção audiovisual para TV pode mudar o modo como nós vemos linguagem sem ter aquele clichê de serie de 22 episódios de 45 minutos (nada direta e super cansativa). E a segunda temporada mostrou todo esse potencial com muito mais clareza.
O segundo ano de Mr. Robot não deixou a desejar. Se nós já não entediamos a cabeça de Sam Esmail antes, agora não entendemos mesmo. São 12 episódios lineares (perfeito para maratona) com muita angustia, nervosismo e complexidade genialmente desenvolvida. A narrativa quebra qualquer ritmo entre espectador e roteiro, e não ficamos a imaginar como tudo acontece, pelo contrário, nos sentimos mais perdidos do que o próprio protagonista da série, Elliot (Rami Malek).
Isso pode atrapalhar um espectador leigo que não está adaptado com essa forma de ficção? Sim! Um dos problemas é como essa maneira de mostrar a história é jogada de forma picotada na nossa cara. É inovador como metáfora, mas perdido também fica quem vê, entre muitos e muitos conflitos e poucas informações para se digerir.
Então entramos em alguns pontos essenciais para a genialidade da segunda temporada. A base da trama é Elliot tentando entender o que ele fez. O mundo agora está um caos e ele não sabe como tudo ocorreu. Esse seu confronto direto pelo controle com Mr. Robot (Christian Slater) aprofunda muito a relação e construção do protagonista. Nos colocando ali dentro, onde muitas vezes nós somos o amigo imaginário de Elliot, somos aquela terceira pessoa dentro desse universo ajudando ele a tomar suas decisões (a premiação de Mr. Robot no Emmy 2016 não é à toa). Outras questões são apresentadas como Darlene (Carly Chaikin) tomando a frente das escolhas principais da FSociety, Angela (Portia Doubleday) se descobrindo de forma firme e mais insensível, etc. Outro destaque foi Sthepanie Corneliussen (Joanna Wellick) com seus traumas, astúcia e sexualidade.
A qualidade técnica de Mr. Robot continua impecável, com a parceria entra Sam Esmail e o diretor de fotografia Tod Campell (Boyhood), nível cinematográfico. A maneira como cada plano foi pensado, o movimento de câmera e angulações das lentes utilizadas são coisas incríveis e que às vezes passam despercebidas. Tudo bem casado com a trilha sonora de Mac Quayle (Drive), de sonoridade perturbadora e horripilante.
Para o 3º ano esperamos muito mais neurônios queimados! Porque estamos cansados de séries clichês e mornas, que praticamente chamam o espectador de burro. Mr. Robot foi a melhor série de 2015, 2016 e se continuar nessa pegada será também de 2017. Vale a pena conhecer se não teve oportunidade ainda.
Allef Silva é colaborador do CosmoNerd.