Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra (The Mouse Trap, 2024) é mais uma tentativa de reimaginar um personagem conhecido no terror, mas com um toque de comédia. Infelizmente, o filme falha nos dois gêneros — a não ser que você se divirta com diálogos desconexos e cortes de câmera aleatórios.
A trama começa com um grupo de oito amigos organizando uma festa surpresa para Alex em seu aniversário de 21 anos. O local escolhido é o salão de jogos onde ela trabalha, o Funhaven. Porém, o que deveria ser uma noite divertida se transforma em um jogo macabro comandado por um lunático usando uma máscara do Mickey Mouse.
O filme, categorizado como terror e comédia, o famoso “terrir”, já começa zoando a Disney e seus afiliados, abrindo com uma introdução no estilo da franquia Star Wars, onde informa que o estúdio do rato não tem ligação com a produção — e que os produtores bem que tentaram entrar em contato, pois este é um projeto que surge a partir do momento em que Mickey entrou em domínio público. No entanto, tristemente digo, este é o ponto alto das 1 hora e 16 minutos de duração. Após essa piada inicial, somos apresentados a Rebecca, uma garota presa em uma cela escura sendo interrogada por dois detetives.
Os diálogos iniciais deixam claro que a conexão entre as falas não era uma prioridade para o roteiro. A narrativa, cheia de clichês, tenta criar um mistério em torno dos eventos que levaram ao massacre. No entanto, a execução deixa a desejar. Quando Rebecca começa seu relato, o filme realmente inicia, mostrando os acontecimentos que mudarão — para pior — a noite de todos os envolvidos e talvez a experiência de quem assiste.
Alex trabalha com sua amiga Jayla no salão de jogos, lidando com crianças desafiadoras. Prestes a encerrar o turno, o chefe Tim Collins avisa que uma reserva de última hora foi feita por três horas. Contrariadas, mas pensando no dinheiro extra, as garotas aceitam o turno estendido. Enquanto elas organizam o local, Tim se retira para assistir a desenhos clássicos do Mickey em uma sala particular. Em pouco tempo, uma presença misteriosa se manifesta. Tim, acreditando ser uma brincadeira das funcionárias, derrama bebida sobre um fio desencapado, criando um ruído estranho. A partir daí, a máscara do Mickey começa a atraí-lo, e sua postura muda gradualmente. É nesse ponto que a narrativa corta abruptamente para outra parte da história.
Sem revelar todos os detalhes, é seguro dizer que o filme abraça todos os clichês do gênero. Temos os dois detetives no clássico jogo do “policial bom e policial mau” interrogando a única sobrevivente, Rebecca, que demonstra pouquíssima disposição para colaborar. Ela, aliás, é a típica “rebelde” que sobrevive no final, mas sua relação com os amigos mortos é tão superficial que questionamos se ela teria sido útil caso nem os conhecesse.
Os personagens seguem arquétipos ultrapassados: o capitão do time de hóquei, o nerd, o chapado, as “gêmeas”, a rodada e o galinha. Todos encaixados no estilo de filmes trash dos anos 90, que até são referenciados pelos próprios personagens — uma tentativa de humor que, assim como o restante, não funciona.
As cenas de perseguição são decepcionantes. Sem tensão, sem construção de suspense e com mortes tão previsíveis que até os diálogos dos personagens comentam isso. É como se o filme piscasse e você perdesse a sequência inteira, deixando de lado o impacto emocional característico de bons filmes de terror. Erros de continuidade também atrapalham: em uma cena, um personagem está com o rosto ensanguentado, na seguinte o sangue desaparece, para depois reaparecer de forma diferente. É tudo tão apressado e sem conexão como as propagandas da Jequiti na programação do SBT: piscou, acabou.
Com diálogos ruins, cortes e ângulos de câmera mal posicionados e atuações bem duras e iniciantes, “Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra” é um ótimo filme para se assistir com os amigos quando não se tem mais nada pra fazer e vocês precisam falar mal de algo sem culpa.