Nova temporada do herói Luke Cage da Marvel na Netflix traz boas ideias, mas continua massante de assistir
Após uma primeira temporada razoavelmente boa e digna para apresentar Luke Cage no universo Marvel da Netflix, os novos episódios da série chegaram com o desafio de melhorar alguns defeitos evidenciados anteriormente. Um deles é o fato da trama ser muito arrastada, com diálogos encarregados de ruminar ideias e intenções do programa. Ledo engano: as coisas continuam iguais.
A segunda temporada do herói à prova de balas traz o protagonista (agora com status de celebridade) tentando por ordem no Harlem, bairro de Nova Iorque que agora é comandado por Mariah Dillard (Alfre Woodard) junto com Shades (Theo Rossi). Porém, um fantasma do passado retorna para cobrar uma dívida da família Stokes (antigo sobrenome de Mariah) na figura do jamaicano Bushmaster (Mustafa Shakir).
Outro defeito que permanece é a falta de investimento na produção. Não tenho os números aqui, mas fica evidente o baixo orçamento em algumas soluções como cenas de ação ou momentos que demandam exposição dos poderes do herói vivido por Mike Colter.
É contraditório uma série criada para a Netflix, ou seja, voltada ao público que gosta de maratonar, ser tão massante de acompanhar. Não raro foram as vezes onde o esforço para terminar apenas um episódio já bastava para o entretenimento do dia (ou da noite), sintoma esse apresentado também na 2ª temporada de Jessica Jones. Isso é reforçado com a cinematografia simplória apresentada, dedicada ao plano e contra-plano com diálogos que subestimam o espectador, além de repetir exaustivamente ângulos legais da primeira temporada como o enquadramento na imagem de Notorious B.I.G. com a coroa, indicando que o personagem em questão é o rei do pedaço.
Não significa, porém, que Luke Cage está de todo ruim. A mistura de ambientes (inclusive sonoros) entre Harlem e Jamaica dá uma dosagem interessante em determinadas passagens, algo que poderia ter sido melhor aproveitado caso trouxessem os flashbacks para os primeiros episódios (e não nos últimos). O argumento de envolver o passado dos Stokes na trama também está bem edificado, mas é uma carta na manga com validade curta.
Mike Colter continua sendo um ator mediano aqui, apesar de seu grande carisma e esforço em ter um herói para chamar de seu. O roteiro erra na mão ao dar a ele algumas falas que só teriam o devido impacto com uma figura mais dotada de habilidades cênicas. O contraste fica evidente quando Cage interage com seu pai (vivido pelo falecido e devidamente homenageado Reg E. Cathey), Claire Temple (Rosario Dawson), Misty Knight (Simone Missick) e Mariah (onde Woodard abusa da caricatura, mas continua soberba).
A participação especial de Danny Rand (Finn Jones), o Punho de Ferro, ajuda a dar um respiro mais para o final da temporada. Ele e Luke Cage formaram os Heróis de Aluguel nas HQs, e temos aqui uma cena de luta empolgante dos dois juntos para relembrar esses momentos, mas é algo totalmente episódico. Incomoda o fato do roteiro se preocupar tanto em explicar os poderes de Rand através da piada, mas até que está de bom tamanho para o personagem depois do fracasso em sua primeira temporada solo, seguida pela decepção de Os Defensores.
O desfecho desse balaio todo pode ser proveitoso na terceira temporada, onde temos Luke adotando uma postura mais política e bastante questionável do ponto de vista ético. Um final até ousado, que arranja uma maneira de continuar o legado dos Stokes através da filha de Mariah, enquanto abre um leque promissor de possibilidades para o novo poderoso chefão do Harlem.
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