Liga da Justiça Snyder Cut Liga da Justiça Snyder Cut

Liga da Justiça ressurge, mas existe força para sequências?

Liga da Justiça era um dos blockbusters mais esperados de 2017. Apesar das dificuldades, o filme estava quase pronto, porém aconteceu mais um imprevisto na produção. Zack Snyder anunciou o seu afastamento da direção e entregou a conclusão de um sonho nas mãos de Joss Whedon. O motivo foi precisar viver o pesadelo de qualquer pai. Snyder até tentou ficar apenas duas semanas afastado das gravações para poder lidar com a morte de sua filha, a jovem Autumn Snyder, mas não conseguiu conciliar o luto com o desgaste de concluir um trabalho tão minucioso. Anos depois da estreia do filme e as críticas medianas para ruim crescerem, os fãs dos super-heróis da DC uniram-se e usaram a internet, uma das armas mais poderosas da humanidade, para pedirem a versão do filme por Zack Snyder. Se olhar para a trajetória de outros filmes que os fãs não gostaram, como Lanterna Verde (2011), o melhor seria agir como Ryan Reynolds. Fazer piada do que não se pode esquecer e seguir a vida. No entanto, o apelo teve tanta repercussão que, agora em 2021, o improvável Liga da Justiça – Snyder Cut, lutando até contra o fechamento dos cinemas por causa da pandemia da Covid-19, foi lançado pela plataforma HBO Max nos EUA, e está disponível no Brasil para aluguel digital.

Poderia ser um final feliz para os fãs que já conseguiram o impossível, porém as duas versões de Liga da Justiça são trabalhadas como o início de uma missão. Além do Lobo da Estepe ser uma espécie de mini-chefão que antecede o vilão principal que é Darkseid, o filme tem vários ganchos importantes. Portanto, é compreensível todos esperarem a página dessa história virar e não apenas aceitar que este primeiro capítulo foi um desfecho satisfatório.

Diante do novo clamor por um sinal verde para as continuações, Snyder em entrevista ao IGN explicou as razões de Liga da Justiça não ser uma história com começo, meio e fim. O cineasta afirma que quis manter suas ideias originais, que eram trabalhadas para ser uma trilogia, e manteve sua vontade de entregar a versão mais próxima do que seria o começo de uma grande aventura. Na entrevista para o Ping Ping Flix, o diretor fala: “Eu não tenho nenhuma expectativa de que hajam mais filmes como esse. Se acontecer, isso seria incrível. Mas essa ponte está longe demais. Francamente, eu estou de boa. A Warner Bros. parece também não ter interesse em investir nessas novas produções”, conclui.

Todas essas informações seriam o suficiente para tirar as esperanças do público, mas se Liga da Justiça – Snyder cut nasceu contra a maré, nada impede os fãs de estarem olhando para tudo isso com outro olhar. Não é difícil ver a Liga da Justiça de 2017 como a maior sessão teste de um filme no mundo que deu errado e que Liga da Justiça – Snyder Cut é a versão definitiva e que agora os poderosos da Warner Bros. estão analisando se o caminho dessa vez está certo e se podem continuar seguindo em frente.

Até então, as críticas estão melhores e o tom da nova versão agradou bem mais. Não é um filme perfeito, mas é o suficiente para dar um novo significado para os pôsteres com os seis personagens principais. Agora existe o início de uma importante amizade entre todos, deixando de lado a sensação de que a união entre eles era apenas para combater um perigo iminente. Cyborg, Flash e Aquaman agora são personagens que importam e tem carisma, enquanto na versão de 2017 eram tratados como meros ajudantes de Superman, Batman e Mulher-Maravilha. A Liga da Justiça finalmente virou uma equipe admirável e que funciona juntos em ação. A promessa de trazerem mais heróis quando apresentam o que virá a ser a Sala da Justiça se torna ainda mais instigante, até pela aparição do Caçador de Marte e pela menção ao esquadrão intergaláctico Lanterna Verde na cena da batalha contra Darkseid. Dá vontade de ver uma reunião com o máximo de heróis possível. Assim, a DC agora tem estabelecido o seu universo no “cinema” – o filme de Snyder não foi para o cinema, mas se tiver continuidade, o rumo adequado é o cinema – com sucesso, o que era uma grande vontade da empresa.

Liga da Justiça Snydercut

Enquanto O Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) foram o terreno, Liga da Justiça – Snyder Cut é o alicerce para a construção da saga dos heróis da DC. Está tudo preparado para a câmera continuar filmando. Diferente da grande teia de ideias que a Marvel fez, onde todos os filmes se conectavam para um mesmo desfecho em Vingadores: Ultimato (2019), a ideia de Zack Snyder é bem mais direta e tem tudo já encaminhado através das pontas soltas deixadas em sua versão. Não é sobre ser mais fácil de ser feito, mas o que deve ser feito já deve estar no papel, e se duvidar, até em um rascunho de roteiro. Com tudo já em planejamento é bem mais fácil de ser executado. Talvez mais dois filmes de duas horas cada iriam resultar no mesmo erro de Liga da Justiça de 2017, que deixou tudo muito apressado e sem relevância. O segredo pode estar na duração de quatro horas para cada parte. Pelo longo tempo de filme e pela violência inserida nesse corte do Snyder já é nítido que o interesse da DC é pelo público adulto. Portanto, o mundo nerd não deve achar ruim a conclusão ser feita em mais duas partes extensas como a primeira parte. Inclusive seria um diferencial bem curioso para uma trilogia da DC. É tolice achar que uma duração maior afastaria o público que também consome séries da própria DC e que duram mais de seis horas no total. Se é possível maratonar uma série, basta mudar o nome da obra visual para filme.

Zack Snyder fez três mudanças bem interessantes na sua Liga da Justiça, acrescentando detalhes nos assuntos em que pretendia – ou pretende, mas não pode confirmar ainda – abordar nas continuações. A primeira mudança foi trazer logo Darkseid, que citou o seu interesse pela equação Anti-Vida, que dá o controle total das mentes dos seres sencientes (seres com a capacidade de sentir sensações e sentimentos de forma consciente). Pode ser desta maneira que Superman se tornará um vilão e eliminará boa parte da Liga. A segunda mudança foi na cena em que Lex Luthor está em um barco e recebe a visita de Exterminador. Lex Luthor não sugere mais a sua intenção em formar a Legião do Mal, um grupo de super vilões, mas revela a Exterminador que Bruce Wayne é o Batman, colocando assim um alvo no cavaleiro das trevas. E a terceira mudança é mais uma parte do sonho apocalíptico de Batman, deixando pistas de que haverá a necessidade de Flash voltar ao passado mais uma vez para resolver tudo, sendo uma referência a famosa história em quadrinho Ponto de Ignição. Para alguém que não quer mais continuar um trabalho, Snyder bem que deixou tudo bem encaminhado, heim?

Sabemos que o esforço de Snyder em atender ao pedido dos fãs em remodelar Liga da Justiça – Snyder Cut não foi apenas um ato de amor genuíno, mas a grande chance de concluir seu trabalho e mostrar serviço para a Warner Bros. e DC. Acaba que toda a sua luta e vitória tornaram-se uma história paralela a formação da Liga da Justiça. Todos viraram heróis. No fim, “Hallelujah”. Resta saber se Snyder continuará usando seus poderes de criação, mas sem dúvidas, se voltar, haverá uma proposta de salário bem considerável e merecida. Uma coisa é certa… tão alto quanto o grito sônico do Superman será os pedidos pelas sequências de Liga da Justiça. Se as súplicas não forem atendidas, restará usar o poder da internet de novo. Sugiro usarem o “S” do Superman como símbolo desse pedido. Vai ser preciso esperança. Por hora, sejamos como Batman, tenhamos fé.