Hi-Fi RUSH Hi-Fi RUSH

Hi-Fi RUSH

Hi-Fi RUSH é literalmente um jogo que ninguém esperava. Ninguém esperava que o Xbox iria simplesmente lançar o jogo sem aviso prévio no seu evento digital de janeiro. Ninguém esperava que ele seria mais parecido com um desenho animado perdido da Nick do que um jogo AAA ultrarrealista. Ninguém esperava que o time por trás dele era o mesmo de jogos de terror como The Evil Within e Ghostwire: Tokyo. E eu, particularmente, não esperava que ia ter uma experiência tão divertida e gostosa do começo ao fim dele.

Tomando os meios de produção

Durante a história de Hi-Fi RUSH, seguimos Chai, um aspirante a rockstar que se voluntariou para o Projeto Armstrong, um experimento de próteses robóticas. Quando ele estava prestes a ganhar o seu braço robótico, o seu tocador de música entrou na jogada e acabou no núcleo robótico em seu peito. Agora, não só ele fica mais forte quando sente a batida da música, como tudo em volta dele também segue o ritmo. Quando eu falo que as coisas seguem o ritmo, eu preciso reafirmar que estou falando de TUDO. Cada passo e pulo de Chai segue o ritmo. Cada ataque inimigo segue o ritmo. Até as plantas e painéis da parede pulsam conforme a batida da música. A sensação é a de estar jogando um clipe musical interativo.

Depois do experimento, Chai é visto como um “defeito” no programa pelos padrões da Vandelay, a grande corporação por trás do projeto. Logo ele aprende que seu novo “poder musical” pode ser usado para se defender, dando muita porrada nos robôs da segurança. Capítulo vai e vem da história e logo descobrimos que a empresa tem planos bem mais maléficos do que só dar braços robóticos para as pessoas… Após se aliar com a gatinha robótica 808 e a hacker Peppermint, Chai começa a sua jornada para derrubar todos os diretores da empresa e derrubar de vez o CEO e seus planos.

Se essa trama tem um ar de filme animado que passaria no Bom Dia e Cia, é bom saber que Hi-Fi RUSH abraça completamente essa estética. Fugindo completamente do padrão do estúdio até aqui, o jogo realmente parece um cartoon interativo, com animações incríveis e cores saltando a todo momento. Mesmo ele se passando todo dentro do campus da Vandelay, cada área tem sua personalidade visual (e musical) próprias, dando um ar estiloso para cada nova parte da história. A incrível localização e dublagem para português do Brasil dão um charme ainda maior para toda a experiência!

No batidão de Hi-Fi RUSH

Em matéria de gameplay, Hi-Fi RUSH é uma mistura estranha entre jogos de ação e jogos de ritmo. Sua parte de ação se assemelha muito a outros jogos como Bayonetta e Devil May Cry (os chamados “character action“), com combos espalhafatosos que se conectam destruindo ondas e ondas de diferentes inimigos. Porém, inspirado pelo poder musical de Chai, você é recompensado ao fazer esses ataques na batida da música, que é mostrada também visualmente pelo cenário, pela gatinha 808 e por outros indicadores. Por exemplo: ao fazer um combo inteiro no ritmo, Chai termina o ataque com um “Batidão”, um devastador combo finisher que dá ainda mais dano e pode até recuperar vida.

É engraçado como outros títulos já tentaram fazer misturas parecidas, como o clássico indie Crypt of the Necrodancer — um dungeon crawler que segue o ritmo da música tocando para movimentar tudo no cenário. A diferença aqui é que, em Hi-Fi RUSH, seguir o ritmo é “opcional”. Você vai continuar dando combos e conectando ataques se só apertar botões, mas eles não vão ser tão fortes e recompensadores quanto sentir a batida. E se você não é bom em combos, mas gosta de jogos de ritmo, focar na batida vai, muitas vezes, ser o suficiente para enfrentar os desafios também. Opções de acessibilidade estão disponíveis também para personalizar sua experiência. O que importa é aproveitar o jogo e ele te dá opções pra isso.

Entre arenas de inimigos e chefes finais em cada fase, o jogo te coloca nos vários cenários do jogo, explorando os lugares e passando por desafios de plataforma. Por mais que seja divertido procurar engrenagens e itens, usados para melhorar as habilidades de Chai e comprar novos combos, essa é a pequena parte onde o jogo falha em alguns pontos. O pulo do personagem é estranho e demora pra se acostumar, alguns corredores são mais vazios do que deveriam… Mas quando Hi-Fi RUSH faz isso bem, ele consegue: desafios de plataforma que também seguem o ritmo, colecionáveis escondidos em lugares interessantes e diálogos engraçadinhos com os robôs espalhados pelo campus.

Solta o som!

Muita gente que eu ouvi falando sobre Hi-Fi RUSH usa duas palavras pra descrever o jogo (e eu não poderia concordar mais): divertido e estiloso. Existe uma alma na aventura de Chai e seus amigos, no cenário desenhado pulando no ritmo, nos ataques que seguem a batida… Mesmo pra mim que não sou super fã de jogos de ação desse tipo, toda a experiência valeu muito a pena. Se você gosta de jogos rítmicos então, experimentar esse lançamento da Tango Gameworks é praticamente obrigatório! No fim das contas, é só acreditar em você, nos seus amigos e no ritmo que bate no seu coração. Nesse caso, literalmente.