Depois de quatro longas buscando a melhor forma de mostrar como um filme de monstros poderia ser, Godzilla e Kong: O Novo Império se esforça mais para entregar uma empolgante batalha entre criaturas colossais.
Com a direção de Adam Wingard, retornando do combate entre Godzilla e Kong, “O Novo Império” abraça uma das melhores coisas do gênero de monstros gigantes, a megalomania dos acontecimentos.
Após a descoberta da Terra Oca no filme anterior, Kong e os agentes da Monarch passaram a desbravar a nova região. O grande macaco está em busca de um lugar para chamar de lar, enquanto demonstra ter esperanças de encontrar outros de sua espécie. E encontrará.
Sem dúvidas, a melhor parte de “Godzilla e Kong: O Novo Império” se passa na Terra Oca. Ainda que Godzilla seja o protetor da superfície, transformando cada continente e oceano em seu território, o brilho desta continuação se dá pela exploração e descoberta de Kong no novo mundo. Mas, por mais empolgante que seja acompanhar Kong em suas aventuras, ou mesmo ver Godzilla estraçalhar um ou outro titã na superfície com seu sopro atômico, o filme ainda busca manter os humanos como um guia para os espectadores. E, apesar de fazer sentido na história, na real, ninguém se importa – tirando Kong ou outro titã que surge na surpresa.
Ainda que o diálogo seja uma parte muito importante para a construção de um longa-metragem, os recentes “O Silêncio da Vingança” ou “John Wick 4” mostram que isso não é o todo, e o diretor de “O Novo Império” apresenta uma narrativa na qual Godzilla e, principalmente, Kong são os destaques, com os titãs contando suas próprias histórias.
Mesmo que os personagens de Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens e da jovem Kaylee Hottle sejam um pouco interessantes e tenham importância na trama, acompanhá-los não tem o mesmo peso, impacto ou mesmo a diversão de ver Kong lidando com ameaças, ou de Godzilla indo atrás de novos meios para deixá-lo mais energizado – ou dos dois juntos. Aliás, Kong é o destaque deste filme. É ele que enche a tela, seja com seus gritos, socos ou artimanhas para derrubar seus inimigos, e contar sua própria história. Fazia anos em que ver bonecos gigantes de CGI, se esmurrando em tela, não me gerava bons sorrisos.
Adam Wingard também opta por entregar grandes lutas. E a final, não querendo criar expectativas, é a cereja da aventura. Diferente do estilo (que gosto demais) de “Godzilla” (2014) e “Círculo de Fogo” (2013), mostrando o peso que criaturas colossais podem ter em combate, “O Novo Império” consegue entregar dinamismo e ótimas batalhas entre as criaturas. Isso é algo que “Círculo de Fogo: A Revolta” (2018) buscou realizar, mas que não se saiu tão bem.
O funcionamento da Terra Oca, em si, não faz sentido. Mas naquele universo, isso é o motor que fará tudo ser maior do que antes. Godzilla tem uma função “heroica” nestes filmes, e isso não é novidade nessa franquia. Com diferenças de poucos meses, o espectador tem a possibilidade de encarar duas visões do mesmo monstro, uma mais arrasadora, intimidadora e impactante com Godzilla: Minus One e outra mais aventuresca – e as duas empolgam, seja pelo visual ou pela história.
De fato, “Godzilla e Kong: O Novo Império” é mais Kong e menos Godzilla. E tudo bem, desde que continuem a trazer mais tramas envolvendo monstros titânicos/kaijus – pequenos também – em tela.