De Volta aos 15 De Volta aos 15

De volta aos 15: será possível transformar um livro ruim em uma boa série?

Recentemente saiu a notícia de que a maravilhosa atriz e apresentadora Maisa irá estrelar a série De volta aos 15, baseada no livro de mesmo nome escrito por Bruna Vieira. A série será produzida pela Netflix, que, ainda bem, está investindo em séries brasileiras. Além de Maisa, temos Pedro Vinícius como César, Klara Castanho como Carol, Caio Cabral como Henrique, João Guilherme como Fabrício, Pedro Ottoni como Leonardo e Amanda Azevedo como Luiza.

E como é o livro

A história é sobre Anita, uma mulher de 30 anos, infeliz com a própria vida, que precisa viajar para ir ao casamento da irmã e se sente muito amargurada com isso. Durante a festa, em uma conversa com a prima, ela percebe que esta está envolvida em um relacionamento abusivo e toma a atitude mais sensata que uma pessoa poderia ter (é ironia, tá?!): faz um escândalo. Com isso, todos ficam contra ela, que desmaia, e a levam para o seu antigo quarto, de onde resolve nunca mais sair. E lá, por alguma razão, ela resolve revisitar o seu antigo blog, que escrevia quando tinha apenas 15 anos e, para a sua surpresa, se vê transportada para exatamente o dia sobre o qual falava no blog! Novamente, como qualquer pessoa sensata, Anita resolve que vai consertar algumas coisas do seu passado, dando início a milhões de confusões.

Primeiro, acho que está claro que eu não gostei nada do livro. A protagonista, Anita, é extremamente imatura, mas se acha superior e acima de qualquer moral. Você com certeza conhece alguém assim. Na época que eu li, em 2016, eu cheguei a pensar que uma pessoa de 30 anos jamais se comportaria assim, que Anita parecia mesmo era uma adolescente birrenta. Agora, eu sei que pessoas de 30 não só podem ser assim, como uma de 60 também, então, tá tudo certo nesse quesito.

Qual o problema?

Sabe aquelas histórias sobre viagem do tempo, em que quanto mais você mexe, pior fica? Bem, é isso. Anita não consegue acertar uma, e mesmo errando mais de uma vez, ela insiste nos erros, em continuar tentando. Ela levou a ideia de que brasileiro não desiste muito a sério. Tem aquele ditado que diz “Quanto mais você mexe na merda, mais fede”. Ela nunca ouviu, pelo jeito. Além disso, as atitudes infantis, o modo como ela trata as pessoas, as resoluções que a autora encontrou para tornar a vida da protagonista “feliz” por meio das mudanças feitas pelas viagens no tempo, foram bem infelizes. Por exemplo, no presente em que a protagonista mais fica feliz, ela está magra, ruiva, com roupas estilosas – o cúmulo da ideia social de que só dá para ser feliz assim. E depois ainda tenta pregar uma ideia de autoaceitação. Coerência? Nunca vi.

E esse é o primeiro livro. Não tive coragem de ler as continuações, não vou mentir.

Será que a série De volta aos 15 vai ser boa?

Só de ter a Maisa, eu já tenho esperanças. Já fazem anos desde que Bruna escreveu esse livro, ela era bem mais nova, e eu espero que, na roteirização e construção dessa série, os erros do livro sejam corrigidos. A ideia central da história, eu sei, era a de crescimento pessoal e autoconhecimento. No livro, isso falhou, mas na série? Eu acho que pode funcionar muito bem. Afinal, quem não tem aquele dia, aquele momento, em que gostaria de voltar e refazer as coisas? Ainda mais com a maturidade que, supostamente, você tem no presente momento? Anita volta no tempo com a sua cabeça de 30 anos (que, no livro, é a mesma coisa que 12 anos) e o conhecimento prévio de tudo o que vai acontecer, então agarra a chance para mudar algo que ela acha que precisa dessa melhora e, assim que acaba o tempo de relato do blog,  volta para o presente, com tudo modificado. Se pensar bem, é o sonho de muita gente. O problema é: será que volta melhor?

Se você assistiu Efeito Borboleta, tenho certeza de que pensa duas vezes antes de querer mudar algo do passado de forma leviana.

A série ainda não tem previsão de lançamento, então, se quiser tirar suas próprias conclusões, dá tempo de ler os livros e se preparar para o que está por vir.