Quando falamos de cinema nacional sempre levantamos questionamentos sobre o desenvolvimento dele. Na década de 1960 tivemos o chamado “Cinema Novo”. Durante esse período vimos esse boom crescer no nosso país, e cair novamente no anos 1970 e 80, ficando com poucos filmes do chamado “Cinema Marginal”. O que mantinha o mercado cinematográfico brasileiro tradicional ficou conhecido por “Pornochanchada”. O nosso cinema só veio a crescer novamente em meados dos anos 1990, onde a Globo Filmes começou a sustentar parcerias e por fim chegando nos dias atuais, onde atualmente cuida de toda demanda do mercado nacional.
Fazer série era algo surreal, mas desenvolvemos essa qualidade e hoje nós produzimos diversas para canais fechados e abertos, vide Supermax na Globo (roteirizada por Raphael Dracoon). Nosso foco é aqui está voltado par “Contos do Edgar”, série nacional produzida por Fernando Meirelles (Ensaio Sobre a Cegueira) para o canal fechado Fox Brasil.
O que torna essa série tão importante afinal? Primeiro pelo formato de série, dividida em 5 episódios com 30 minutos. A história geral é uma só, onde a narrativa se encaixa em cada episódio. São cinco sub histórias, que montam-se e encaixam num fluxo contínuo. O ponto principal é saber que todas elas são baseadas em contos do grandioso escritor de terror Edgar Allan Poe, e é isso que torna a série genial. Cada história é adaptada ao jeitinho brasileiro, sem perder a essência e fidelidade original. Manter nossos aspectos culturais é o que contribui para a identificação do público brasileiro com a série.
A série questiona a vida de Edgar (Marcos de Andrade) que é um dedetizador junto com seu parceiro Fortunado (Danilo Grangheia), onde recebem denúncias de pragas em determinados lugares.
No episódio 1 vemos o conto de Berê, inspirado no conto Berenice. Ao chegar no local atrás de pragas ouvem uma história de uma moça muito bonita, atraente e uma bela cantora chamada Berê (Gabi Amarantos) que tinha um problema, seus dentes eram todos podres, o que fazia a jovem perder todo o encanto ao abrir a boca. Apesar de toda a força e empenho de seu primo Cícero em ajudá-la, problema persistia todas as vezes que se tratavam os dentes.
Já no episódio 2 vemos o conto de Priscila, inspirado no conto Metzengerstein, onde já começamos a ver traços psicológicos no roteiro com a história de um jovem rapaz chamado Fred, que acabou de perder o pai e que ganhou de herança sua oficina.
A partir do episódio 3 as coisas ficam mais tensas. Iris é o conto baseado em O Coração Denunciador, onde vemos de um condomínio no qual vive um senhor de idade e sua vizinha, uma jovem moça. Tudo se resume no fato dele não aguentar mais o agitado modo de vida dela, até que o senhor resolve por um fim dando cabo da garota.
O episódio 4 já nos mostra uma história mais pesada em relação ao tipo de narrativa em retratar nossa realidade. O conto nos traz agora a inspiração da Máscara da Morte Rubra. Cecília é seu título, e trata de um acontecimento com uma jovem que resolve fazer uma festa à fantasia para movimentar sua loja. Porém, um dos convidados usa uma máscara rubra e começa a perseguir a jovem e assim mover uma série de fatores que deixam a jovem com determinados traumas.
Por fim, o episódio 5 que é o mais surreal de todos. Possui uma bela construção e faz ligação com todos os outros contos. Baseado nos contos do Gato Preto e O Barril Amontillado. O conto Lenora é mais uma descoberta de Edgar em relação ao seu passado. É nesse momento que o narrador passa a fazer parte das histórias.
Contos do Edgar nos trouxe uma nova forma de série e audiovisual com linguagem de TV e elementos cinematográficos, que compõem todo o seu aparato. Estamos vendo uma nova forma que respeita tanto nossa cultura quanto o modo estadunidense de contar histórias. Depois do cinema, não deixa de ser um modo de quebrar tabus na TV também.
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