Você com certeza já jogou Blossom Tales II antes

Se você acompanha o mercado de jogos indie, sabe o quão difícil é para um título independente ganhar os holofotes em meio a tantos lançamentos. Enquanto alguns apelam para propostas bem diferentes, outros usam a nostalgia como principal motor de interesse, incluindo novas ideias, conceitos e mundos dentro de estilos familiares. Era o que eu esperava quando comecei a jogar Blossom Tales II: The Minotaur Prince, feito pela Castle Pixel e publicado pela Playtonic Friends. É fácil perceber o quanto ele se inspira em títulos como The Legend of Zelda: A Link to the Past e outros do Super Nintendo, mas quanto mais você joga, mais fácil é de entender a quantidade de elementos que todos esses jogos têm em comum.

Blossom Tales II: The Minotaur Prince

Em uma das poucas ideias realmente originais do título, Blossom Tales II é uma “história dentro de uma história”: você começa o jogo vendo um avô contando uma história para seus dois netinhos, que sempre dão pitacos em como ela deve continuar de tempos em tempos. Em um reino distante, séculos depois do aprisionamento do Rei Minotauro, a pequena garota Lily deseja que alguém leve seu irmão pra longe em um ataque de raiva… Ela só não esperava que seu desejo soltaria o maligno Rei, que raptou seu irmão e está pronto para preparar a sua vingança. Ela, agora, tem só uma missão: salvar sua família e todo o reino do mal, mais uma vez.

A partir daí, Lily começa a sua aventura em um clássico RPG de ação, balançando sua espada, enfrentando inimigos, coletando novos itens e desbravando masmorras, como você já esperaria de um jogo nesse estilo. E, sinceramente, tudo isso é muito bem feito. O visual é bonito e colorido, com uma pixel art bem-acabada. Os mapas não são muito grandes, então é fácil de chegar onde você precisa e explorar os cantinhos tem algum tipo de recompensa (lembrando mais Link’s Awakening), o combate não é nada difícil, mas também não atrapalha se você só quiser seguir a história. Blossom Tales II é um jogo que foi feito com esmero, sem dúvida.

Blossom Tales II: The Minotaur Prince

Mas, a cada capítulo, mais clichês e lugares-comuns aparecem e fica cada vez mais difícil apontar as diferenças entre o mundo de Blossom Tales II e qualquer outro RPG de ação de décadas atrás. Obviamente não se trata de plágio — tudo é original e feito do zero pelo time de desenvolvimento, claro —, mas é impossível se surpreender, seja na parte da trama quanto mecanicamente. As poucas coisas que consigo citar que realmente me mostraram fios de personalidade própria foram as intromissões dos netinhos mudando detalhes pequenos na história (sem muito impacto) e um sistema de alquimia para conseguir poções, que incentiva mais a exploração em busca de ingredientes.

Se você gosta de RPGs de ação com visual pixelado e aventuras de fantasia, provavelmente vai gostar de Blossom Tales II: The Minotaur Prince. O mundinho de Lily é bonitinho e gostoso de jogar, além de ter sido feito com muito carinho. Agora, eu não acho que muita coisa dele vá ficar guardado na sua memória. São tantas inspirações que ele acaba não alcançando uma identidade própria, seja visual, mecânica ou narrativamente. Mas se já jogou tudo que tinha pra jogar, então o Rei Minotauro precisa ser preso de novo e você vai ter um bom tempo durante essa missão.

Blossom Tales II: The Minotaur Prince está disponível para PC na Steam e no Nintendo Switch.

*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.