Sony Pictures aposta novamente na fórmula de ação e humor, mas pouco acrescenta à franquia com Bad Boys Para Sempre
Revisitar as grandes franquias nunca esteve tão em alta na indústria da cultura pop, seja nos filmes, séries, jogos ou quadrinhos. Entre erros e acertos temos Star Wars, Exterminador do Futuro, O Senhor dos Anéis e muitas outras como exemplo. Agora, é a vez de Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life) ser posto à prova. Mas como fazer isso de uma forma que funcione?
Um exemplo bacana e recente disso é Star Trek: Picard, como aponta o texto do nosso amigo Charles Luis. Aparentemente, a receita pra isso é respeitar as qualidades anteriores e apresentar uma história que converse com os tempos atuais. O fan service está liberado (inclusive recomendado), mas com parcimônia.
A trama do novo Bad Boys gira em torno (mais uma vez) dos personagens de Will Smith e Martin Lawrence, dupla das antigas que combateu o crime por décadas. Eles precisam lidar com o fato de estarem velhos, ou seja, a pauta da vez é aposentadoria. Junto com isso, um fantasma do passado surge para resolver as contas com Mike (Smith).
Um produto de outra época
Infelizmente, esse terceiro filme não consegue justificar sua existência como um produto moderno. As piadas estão ultrapassadas, o personagem de Lawrence tem seu carisma esticado até o longa ganhar caráter de comédia pastelão (como aquelas RUINS do Adam Sandler), sem conseguir manter o equilíbrio entre humor e ação.
Ultrapassado é uma definição adequada pra definir esse projeto. Relembrar personagens é interessante, mas uma figura como a do capitão Howard (Joe Pantoliano) é difícil de engolir. Sua verborragia agressiva já era um saco antes, e aguentar ele novamente por várias cenas é dose.
A construção dos antagonistas é reflexo dessa postura antiga. A questão geopolítica não parece ser muito pensada, então espere por mexicanos sendo os caras maus, mexicanos lutando contra mexicanos por pontos de tráfico e mexicanos com pouca profundidade na trama. Com mexicanos me refiro a latinos em geral. Há um flerte com o ocultismo também, que serve apenas para reforçar esse esteriótipo e não leva a trama a lugar algum. O fantasma do passado (acompanhado de um baita plot twist) em questão é algo de grande relevância na história, mas sinceramente não surgiu efeito algum em mim. Esse elemento dá margem para a sequência da franquia (atenção ao pós créditos).
Você corretamente vai argumentar que a franquia é voltada pra ação, então meu dever é cobrar Bad Boys Para Sempre sob essa perspectiva. Sinto afirmar que o longa anterior é muito melhor, com sequências mais frenéticas, situações mais inusitadas e bem desenvolvidas… saudades do Michael Bay 😀
Dessa vez, o explosivo cineasta (que comandou o segundo filme) participa apenas em uma cena de casamento como ator. A cadeira de diretor fica por conta de Adil El Arbi e Bilall Fallah. Também não sei quem são, e certamente não me lembrarei deles por esse trabalho protocolar.
No entanto, algumas piadas funcionam bem, principalmente as que fazem referência ao longa anterior, como o medo que o genro de Marcus possui do sogro. O carisma de Smith e Lawrence também ajuda a conduzir as coisas, enquanto o elenco tem algumas peças interessantes como Alexander Ludwig, o Bjorn da série Vikings. Só não espere muita coisa além de um momento badass desnecessário e piadas de mau gosto com terapia.
A grosso modo, é a bilheteria que vai dizer para a Sony se essa sequência valeu a pena ou não, e parece que o filme está com boa procura nas salas que já estreou (por aqui o lançamento ocorre no dia 30 de janeiro de 2020). Como espectador, esperava muito mais. E olha que nem fui exigente. Para o futuro, um investimento maior em roteiro e direção pode significar ainda mais sucesso.