Quando a nova versão de As Panteras foi anunciada, eu pensei: “Que legal. Acho que seja um bom momento”. Mulheres fortes, sem baixar a cabeça diante do preconceito e de quem tenta pisar em seus ideais, é algo relevante na indústria do cinema hoje. Isso, junto a porradaria e charme, é o que este novo filme possui.
Com o tom de feminino da maravilhosa Elizabeth Banks (A Escolha Perfeita), que produziu, dirigiu e atuou, este projeto tem um tom diferente daquele clássico, do começo dos anos 2000, que contou com Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore. Ali, tínhamos uma mistura de ação, investigação e comédia bem pastelona, mas que agradava de assistir sempre que passava na TV. Foram dois filmes para os cinemas com a direção de McG (O Exterminador do Futuro: A Salvação, 2009), renovando a franquia, de certa forma.
Neste projeto, já conhecemos a problemática Sabina, interpretada por Kristen Stewart, e a centrada Jane, vivida pela Ella Balinska. Cada uma atua há um tempo dentro da unidade de investigação global de Charles Townsend, e mostram suas habilidades logo nas primeiras cenas do filme – que se passa no Rio de Janeiro.
A personagem de Naomi Scott, Elena, é apresentada como o cerne da história. Ela é uma engenheira de sistemas que participa da construção de uma fonte de energia limpa que pode revolucionar o planeta. O incrível Patrick Stewart também está presente como John Bosley. Ele está aposentando e a nova Bosley é interpretada por Elizabeth Banks. Aqui, Bosley é um codinome utilizado pela agência. Então, As Panteras estabelece que há muitos destes personagens espalhados pelo mundo.
O desenvolvimento das personagens principais é pincelado. As três Panteras poderiam ter sido trabalhadas ao longo da trama. Tinha tempo e história para isso, mas a direção e o roteiro de Banks optou por abordar acontecimentos e colocar em tela a personalidade de cada uma. A própria Bosley, que poderia ter um maior background maior, acaba não tendo isso. Jane (Balinska) acaba sendo a personagem com o maior peso dramático na trama.
Este filme apresenta tudo o que os longas de McG tinham e ainda referencia isso. Talvez, alguns percebam e gostem. Das poucas coisas que me incomodaram, as cenas de lutas estão nelas. A montagem não é ruim, mas deixa uma sensação de confusão. Hoje, o cinema de ação entrega ótimas cenas de coreografias de combate, como as de John Wick – Mas aqui, o resultado é um tanto medíocre.
A música é algo que está presente em todos os momentos do filme. Da introdução aos diálogos expositivos, sempre tem alguma trilha sonora, mesmo que seja mínima. Surpresa perceber que a voz de Anitta está na cena do Rio de Janeiro. Um ponto estranho é a quebra que o filme traz do segundo para o terceiro ato, com as três personagens em uma situação e tocando uma música que parece fim de festa.
Ir para esse tipo de produção com as expectativas neutras é uma coisa boa. Ele entrega tudo que propõe: lutas, tiroteios, investigações, tecnologias de espionagem e comédia. Os possíveis momentos dramáticos é que destoam, e parecem desnecessários.
Me parece muito que este projeto poderia ter sido lançado diretamente para uma plataforma de streaming, como Amazon Prime Vídeo, Netflix, a estreante Disney+ ou a vindoura HBO Max. Talvez, o alcance e a receptividade fosse maior, pois é uma ótima produção para ver no conforto de sua casa.
Não sei o que a Sony espera dessa vez, mas Elizabeth Banks pode dar um novo ar para a saga d’As Panteras nos cinemas. Num momento em que o feminismo é algo que tem sido amplamente importante e imponente, a franquia pode trazer mais visibilidade para o papel da mulher em nossa sociedade, com um bom toque de humor ácido, é claro.