Argylle - O Superespião Argylle - O Superespião

Argylle – O Superespião acerta em cheio em suas intenções

Depois das continuações de Kingsman (2014), que, a meu ver, foram péssimas (e olha que eu amo o gênero), estava desiludida sobre a capacidade de Matthew Vaughn em voltar a trazer qualidade para as suas produções – embora ele nunca seja consistente. Porém, Argylle – O Superespião surpreende, e muito, ao retomar suas raízes de loucura, de não se levar a sério, de servir como uma espécie de sátira aos filmes de espionagem, cheio de maluquices engraçadas, boas coreografias de luta, cenas icônicas, personagens cativantes e muitas reviravoltas.

Elly Conway (Bryce Dallas Howard) é uma escritora de sucesso, cujos livros sobre esse superagente, Argylle (Henry Cavill), e seu melhor amigo e companheiro, Wyatt (John Cena), vendem como água, conquistando corações de milhares de milhões de pessoas ao redor do globo. Até que, um dia, indo visitar os pais, ela é abordada por um cara estranho que se apresenta como Aiden (Sam Rockwell) e diz que é um espião que está ali para protegê-la. É quando toda a bagunça começa, e a pobre Elly – que é muito ansiosa e medrosa – se mete em um milhão de enrascadas e aventuras para se manter em segurança e viva.

Argylle – O Superespião tem tudo o que um bom filme de ação farofa precisa, inclusive pouca coerência narrativa para poder enfiar todo tipo de alopração possível. Se você for esperar uma história escandalosamente boa, pode se frustrar, mas se chegar ao cinema com um cérebro lisinho, pode se divertir bastante e dar boas risadas.

No tocante à trama, como foi dito, não tem lá uma amarração boa, possui contradições, falta uns encaixes. Por exemplo, Aiden é uma lenda viva no meio da espionagem, suas cenas de ação são boas, e ele tem aquela pegada de personagem de anime que é o de ser um exército de um homem só. Porém, quando é conveniente ao roteiro, repentinamente isso muda, apanhando da forma mais idiota possível – só para fazer a narrativa andar, entre outras coisas igualmente estúpidas que atrapalham a coerência e levam para um patamar de “quê?” (o momento fatídico em que você está assistindo e acontece algo na telona que te faz soltar essa exclamação).

Vale a pena assistir no cinema, principalmente contando com algumas cenas de ação que merecem o destaque que só pode ser dado por meio de uma tela gigantesca. Ir com amigos com certeza melhorará a experiência – desde que ninguém espere um pingo de seriedade.

Vale a pena assistir no cinema, principalmente contando com algumas cenas de ação que merecem o destaque que só pode ser dado por meio de uma tela gigantesca. Ir com amigos com certeza melhorará a experiência – desde que ninguém espere um pingo de seriedade.

A participação de Henry Cavill é maravilhosa demais, e gosto dos contrastes que o seu personagem faz com a protagonista, o modo como a trama trabalha alguns simbolismos, soltando pistas do que está acontecendo de forma criativa. E falando no ator, se os artistas não lançarem fanart dele com o John Cena como casal, é porque estão falhando em ser artistas, sinceramente.

No tocante à parte de Argylle – O Superespião que mostra um pouco do lado escritora de Elly, posso confirmar que muito do que ela fala sobre a arte da escrita é verdade. É muita pesquisa, às vezes anos estudando o assunto, assim como um aprimoramento constante de teorias literárias, de escrita, ler muito… Só não é verídica a parte em que ela se prepara toda para escrever e aí digita duas linhas, dando-se por satisfeita.

Por fim, Argylle – O Superespião possui um bom trabalho de fotografia, por exemplo, e a trilha sonora é divertida – para acompanhar o ritmo da coisa toda -, embora você vá esquecer em cinco minutos.

Ah! E tem uma cena pós-créditos!