Lá no ano de 1979, chegava nas telonas o magnífico “Alien, O Oitavo Passageiro“, dirigido por Ridley Scott e roteirizado por Dan O’Bannon. E não é segredo para ninguém que tal obra estabeleceu muito no que diz respeito ao gênero sci fi horror, dito isto, o que foi feito ecoa alto e em bom som até nos dias hoje, servindo de inspiração para diversas outras obras que se aventuram na mesma onda. O problema é: Por que não escutar esse eco tão maravilhoso ?
Após 10 anos da missão amaldiçoada da nave “Prometheus“, é enviado para um planeta, em local longínquo na galáxia a equipe de expedição na nave “Covenant“, que tem como missão, colonizar essa terra ainda virgem. E aí, começa nosso show de HORRORES, e não no melhor sentido da palavra.
De cara temos uma herança lá de “Prometheus“, no quesito de “plot holes“. Em “Alien: Covenant” é recheado deles. A começar pelo personagem de Billy Crudup, que interpreta Christopher Oram, o capitão da nave. Enquanto Capitão, ele toma uma decisão embasada numa insegurança mal abordada e desenvolvida e isso faz com que o destino da nave tome outro rumo da expedição já planejada e bem arquitetada. Seguindo nessa linha ilógica, há um diálogo entre Oram e a personagem Daniels (Katherine Waterston) mega expositivo onde só ficou faltando abrir um power point, os dois olharem direto pra câmera e começarem a explicar as suas razões daquilo ser uma má ou boa ideia. O que logicamente, era uma má ideia.
Continuando a caminhar nesse queijo suíço, chegamos ao novo destino da missão e aí vem a pior parte do plot desse filme. A equipe dos trapalhões voltou para mais uma vez gerar altas confusões. “Vamos descer num planeta desconhecido, onde só sabemos que há oxigênio e uma flora semelhante a da terra, mas vamos fazer isso com roupas de camping?! SIIIIM!”
Toda a causalidade futura da trama é causada por duas decisões totalmente ilógicas e bobas.
Na trama de “Prometheus“, o roteiro também se focava na questão de criador e criatura, o mesmo é feito aqui, só que de uma forma não sútil. Walter e David (Michael Fassbender) gastam tempo demais em tela refletindo sobre tal assunto, e nesse momento a trama para de andar, o foco muda e tudo se baseia nessa discussão. Com conclusões que não levam a lugar algum e diálogos cíclicos.
O ritmo do longa apresenta diversos problemas e um deles é a tal inconstância em sua narrativa, horas um filme de expedição, sobre filosofia, ação, horror, tudo muito desbalanceado. Caminhamos no primeiro ato para o que parecia uma retomada do clima do primeiro “Alien“, (o que era a expectativa, vide trailers e imagens) depois tudo desmorona. Tudo passa a ser um misto de um pouco primeiro filme de 79, da ação do “Alien 2“, e claro, Trapalhões.
O elenco é bem escalado, Michael Fassbender ainda interpreta um bom personagem e com umas nuances vilanescas interessantes, e o trabalho de “dupla personalidade” também confere a ele mais elogios. Daniels consegue ser a heroína feminina de força, seguindo os filmes da série, mas infelizmente, o roteiro não a ajuda a se tornar melhor.
Bom, o que deveria ser nossa atração principal em “Alien: Covenant” acaba se tornando só uma criatura que está ali no filme para fazer medo e porque seu nome é título da obra. Os momentos de horror funcionam em 50% das ocasiões, o que não significa que foram muitos e que sofrem drasticamente com a falta de suspense e de deixar a mente do espectador trabalhar. Mostrar pouco da sua criatura, no horror, é um elemento extremamente importante.
Ridley Scott é um excelente diretor, mas mais uma vez ele sofreu com um roteiro mal escrito, e o pior, parecia que ele estava ciente disso.
“Alien: Covenant” não faz questão de escutar a voz alta e clara de seu primeiro filme, o que o leva a desgraça.
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