Escrito por Enéias Tavares, A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison é uma excelente obra brasileira Steampunk
Por Luke Muniz
Começo este texto já admitindo algo, fiquei um tanto intimidado a fazer este review com palavras tão simplórias, tendo em vista de que o autor da obra em questão é um verdadeiro gentleman. Mas deixando isto de lado, vamos lá!
O livro a seguir, trata-se de uma obra SteamPunk. E se você, amigo, caiu aqui de paraquedas e não sabe o que isto significa, darei uma breve introdução do que é.
STEAMPUNK
É um subgênero da ficção que se popularizou no final dos anos 80 e início dos anos 90. São obras ambientadas no passado, onde os aparatos tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na história real, mas foram obtidos com a ciência já disponível naquela época. Ex: computadores de madeira, aviões a vapor. Basicamente, tecnologias a vapor.
A LIÇÃO DE ANATOMIA DO TEMÍVEL DR. LOUISON
O ano é 1911 em um Brasil retrofuturista. E uma série de assassinatos estão acontecendo na cidade de Porto Alegre dos Amantes e o jornalista carioca, Isaías Caminha é enviado a serviço de seu jornal O Crepúsculo, para investigar o caso. Temos o nosso livro. A história começa com Isaías entrevistando várias pessoas e juntado relatos a respeito do renomado médico, Dr. Louison, este que, está sendo acusado dos terríveis crimes que estão aterrorizando a cidade. Com o desenrolar da investigação, o jornalista fica dividido entre acreditar na figura cortês e elegante de Louison ou acreditar que ele é o assassino sórdido que todos falam. Neste momento do livro, é que entramos no verdadeiro mistério, na verdadeira incógnita, por que boa parte do livro é assim, uma incógnita. Ficamos divididos junto com os personagens a acreditar que o médico realmente seja um criminoso ou não.
A narrativa é contada através de relatos/cartas/gravações (lembra da tecnologia antes da hora? pois é) que oscilam em diversos tempos, e temos diferentes pontos de vistas de vários personagens. Da meretriz ao chefe da polícia. A partir daí, tudo começa a ficar ainda mais interessante e imersivo. Vemos o aprofundamento da história de vários ângulos.
A história flerta muito com o ocultismo e práticas místicas, conceito presente em obras do gênero, mas aqui apresentadas de formas bem sutis. Conhecemos essa parte da história através do grupo que se intitula o Pathernon Místico.
A escrita é um tanto rebuscada e varia de acordo com o personagem que está falando. Apresenta também a grafia da época, ex: photografia, phidelidade. Nas primeiras páginas do livro, há um nota explicativa sobre o motivo disso. É sensacional!
Como professor e amante da literatura, Enéias faz diversas referências e pega emprestado personagens da nossa vasta literatura brasileira, tais como: Noite na Taverna, O Cortiço, O alienista.
O cenário é bastante palpável, mesmo sendo um steampunk conseguimos nos identificar bastante pelo fato de se passar em nossa terra, no Brasil. Para quem é de Porto Alegre, então, deve ter sido fantástica a experiência de ler o livro. A história em si não depende do subgênero da qual ela faz parte, e sim, o subgênero se faz um complemento dela, e este fator se transforma em um ponto bastante positivo, tendo em vista de que a narrativa não depende de um único só elemento, mas de tudo o que compõe a trama.
Enquanto eu lia, me senti muito dentro dos romances de Sir Arthur Conan Doyle, em uma das aventuras de Sherlock Holmes, pois lembra muito, então, se você não conhece steampunk, mas conhece Sherlock Holmes, já é um ótimo motivo para que você, leitor, leia esta obra. No mais, eu encerro este review com a seguinte frase e deixando um link para caso vocês queiram comprar o livro.
O SteamPunk brasileiro rima com Enéias Tavares.
Link para comprar
ENÉIAS TAVARES
“Enéias Tavares, o criador da série literária Brasiliana Steampunk, nasceu em 1881 e desapareceu em 1912, logo depois do temível doutor Louison escapar do Asilo São Pedro para Criminosos Insanos e Histéricas Descontroladas. Em 2012, reapareceu como um especialista em William Blake e professor de literatura clássica na Universidade Federal de Santa Maria. O que aconteceu com ele nesse hiato de um século? Ninguém sabe, nem o próprio!” Irado, não acha?