Ontem foi exibido o episódio duplo da pré-estreia de Mrs. America, minissérie estrelada por Cate Blanchett, no Fox Premium 1. No entanto, a estreia oficial do programa acontece apenas no dia 29 deste mês, com exibições às terças, a partir das 23h.
10 indicações ao Emmy 2020
Entre as categorias às quais a série foi indicada estão: “Melhor Minissérie ou Série Limitada”; “Melhor Atriz Principal de Minissérie, Série Limitada ou Filme para TV” pela atuação de Cate Blanchett na pele de Phyllis Schlafly; “Melhor Atriz Coadjuvante de Minissérie, Série Limitada ou Filme para TV” pelas importantes interpretações de Uzo Aduba como Shirley Chisholm, Margo Martindale como Bella Abzug e Tracy Ullman como Betty Friedan; “Melhor Casting de Minissérie, Série Limitada, Filme ou Especial”; “Melhor Roteiro de Minissérie, Serie Limitada, Filme ou Especial ”; “Melhor Trilha Sonora de Minissérie, Serie Limitada, Filme ou Especial”; “Melhor edição de uma só câmera para Minissérie, Serie Limitada, Filme ou Especial” e “Melhor Figurino de Época”.
Elenco
As personagens dessa história baseada em eventos reais são interpretadas por um elenco primoroso. Cate Blanchett debuta como protagonista de uma série de TV na pele de Phyllis Schlafly, uma dona de casa conservadora que defende os valores familiares tradicionais. Para acompanhá-la estão Rose Byrne (“Damages”) como Gloria Steinem, a escritora e cofundadora da revista feminista liberal “Ms.”, reconhecida como a líder do movimento; Margo Martindale (“The Americans”) como a congressista democrata Bella Abzug; Uzo Aduba (“Orange is the New Black”) como Shirley Chisholm, a primeira mulher de ascendência afro-americana eleita para o Congresso norte-americano e também a primeira a se candidatar à presidência; Elizabeth Banks (“Jogos Vorazes”) como a republicana progressista e feminista Jill Ruckelshaus; e Tracey Ullman (“Caminhos da Floresta”) como Betty Friedan, pioneira do movimento de liberação feminina e autora do emblemático bestseller “A Mística Feminina”’. O elenco se completa com Sarah Paulson (“The People v. O.J. Simpson: American Crime Story”), John Slattery (“Mad Men”), Jeanne Tripplehorn (“Waterworld – O Segredo das Águas”), Ari Graynor (“Família Soprano”), Melanie Lynskey (“Castle Rock”) e Kayli Carter (“Bad Education”).
Baseada em eventos reais
Pela visão das mulheres mais relevantes da época, Mrs. America narra os acontecimentos ocorridos durante a década de 1970 nos Estados Unidos, quando foi levado ao Congresso do país o debate pela ratificação da Emenda de Igualdade de Direitos na constituição. Esta emenda, apoiada pelo Movimento de Libertação da Mulher, buscava garantir legalmente a igualdade de direitos em matéria de trabalho, divórcio e propriedade entre homens e mulheres nos Estados Unidos. Mas o ímpeto revolucionário da chamada Segunda Onda Feminista se viu ofuscado pelo surgimento na cena pública de um setor da sociedade norte-americana que, até aquele momento, não tinha voz e que passou a defender os direitos das mulheres donas de casa, que decidiram se organizar e lutar também. Cada episódio narra em ordem cronológica os caminhos percorridos por esses dois movimentos, começando em 1972, quando na iminência da emenda ser aprovada no Congresso dos Estados Unidos, a Câmara dos deputados estabeleceu um prazo de sete anos para que a mesma fosse aprovada em 38 estados, o que seria finalizado somente em 1979.
A série convida a lembrar um momento na história que teve o apogeu dos movimentos culturais e sociais, por meio de uma radiografia do movimento feminista e de outros movimentos contra a opressão que tomavam as ruas em conjunto com a juventude que se opunha à Guerra do Vietnã e com as comunidades afrodescendente e latina, que exigiam também igualdade de direitos.
Duas perspectivas narrativas
À medida em que a trama se desenrola, a série mostra o contraste de duas visões femininas sobre uma mesa questão: de um lado as mulheres que lutavam por igualdade de direitos e de oportunidades entre os sexos e de outro as que consideravam que a igualdade de direitos tiraria todos os privilégios que elas tinham como donas de casa, incluindo até o risco de serem obrigadas a servir o exército. Duas realidades e visões muito contrastantes e que marcaram fortemente as lutas da época.
Conexão com temas atuais
Mrs. America não é só uma viagem no tempo, mas está conectada diretamente com o presente. Apesar de estar baseada em fatos ocorridos nos anos 1970, nos Estados Unidos, a emenda segue sendo tema de debate e a luta continua para que seja ratificada em alguns estados norte-americanos. Além disso, a luta pela igualdade de gênero e a luta do movimento feminista seguem em pauta em diversas partes do mundo.
Trilha sonora
A escolha das músicas para a série foi muito aplaudida, tanto que a trilha sonora foi indicada ao Emmy 2020 por “Melhor Trilha Sonora de Minissérie, Série Limitada, Filme ou Especial”. A escolha do tema de abertura, “A Fifth of Beethoven”, bem como de vários clássicos dos anos 1970 de Donna Summer, Rolling Stones, The Kinks e Linda Ronstadt são, sem dúvida, muito acertadas para acompanhar a trama e retratar aquela década com perfeição e fidelidade.
Figurino
O figurino e a produção de Mrs. America ficaram a cargo da estilista e designer Bina Daigeler (“Mulán”, “Narcos”) e chama atenção não somente pela estética e visual que ambientam a década como por utilizar as roupas para marcar as diferenças entre as mulheres representadas em suas lutas. Os detalhes ganham relevância quando se trata de um drama de época, pois são fundamentais para transportar o espectador mentalmente através de elos com o passado. Por isso, a estilista usa, por exemplo, o significado e a simbologia de cada tipo de bolsa que aparece em cena como se fossem uma marca de distinção política e social: a bolsa de alça curta para as mulheres conservadoras e para as feministas as de alça transpassada no ombro. Essas diferenças nos códigos de vestimenta e detalhes de época fazem com que a série seja uma verdadeira chance de viajar no tempo.