Bruxas sempre intrigaram as pessoas, desde as histórias cruéis da inquisição até sua presença recorrente na literatura ou no cinema. Vilã frequente de contos de fada, o arquétipo da bruxa abriga inúmeros significados, parte deles enaltecendo o poder feminino e a transgressão aos padrões impostos pela sociedade. Nos filmes abaixo temos diversos tipos de bruxas, desde seu estereótipo clássico, até as modernas neo-pagãs, em boa parte dos casos dialogando com temas atuais.
Suspiria (1977)
Uma história sombria em cores vivas. Suspiria é um clássico do horror italiano, dirigido pelo mestre Dario Argento em sua primeira empreitada no horror sobrenatural. Na trama, a jovem bailarina Suzy viaja para Alemanha para aprimorar seu talento numa aclamada escola de dança. Eventos macabros começam a ocorrer, até que Suzy descobre indícios de que o local é um reduto de bruxas. Belo e surpreendente, o filme conta com uma fotografia única, agregando cenários não convencionais e cores saturadas que dão tom psicodélico à trama, além da incrível trilha sonora da banda de rock progressivo italiana Goblin. O remake de Suspiria estreia este ano e já conta com opiniões controversas, mas vale a pena assistir o original antes de conferir.
As Bruxas de Salém (1996)
Dificilmente alguém nunca ouviu falar das Bruxas de Salém, protagonistas do famoso caso de condenação de dezenas de pessoas (maioria mulheres) por bruxaria na pequena cidade de Salém no final do século XVII. Este filme é uma adaptação de uma peça teatral homônima para os cinemas. Na trama, baseada em fatos históricos, a pretensa “bruxaria” é desvelada, e dá lugar a um fenômeno de histeria coletiva, onde intrigas e inseguranças do povoado são as principais motivações de condenação, expondo os critérios torpes da inquisição na época. Contando com atuações vigorosas de Wynona Ryder, Frances Conroy e Bruce Davison, o filme é uma ótima pedida para quem busca compreender melhor o que foi a caça às bruxas, em um dos seus casos mais famosos.
Jovens Bruxas (1996)
Um clássico adolescente dos anos 90, Jovens Bruxas dialoga muito bem com os jovens até hoje. O filme mistura elementos da cultura wicca, que estava muito em voga nos anos 90, um estilo gótico evidenciado pelo figurino das protagonistas e pela trilha sonora, além de personagens cativantes que representam muito bem o sentimento adolescente de estar deslocado na sociedade, gerando identificação imediata com o público jovem. Um filme divertido, com bons efeitos especiais, que exalta o poder feminino e deve ter instigado o interesse de muitos jovens pelo neo-paganismo na época de seu lançamento.
A Bruxa de Blair (1999)
A Bruxa de Blair sempre foi alvo de críticas controversas, mas é inegável que se trata de um dos filmes mais lucrativos e influentes no terror. Responsável pela onda de filmes found footage que se daria na década seguinte, A Bruxa de Blair foi um marco ao otimizar esta linguagem para extrair o máximo de medo e terror psicológico com pouquíssimos elementos sobrenaturais ou de violência explícita em cena. A trama envolve um grupo de jovens jornalistas que decidem fazer um documentário sobre o caso da Bruxa de Blair que parece estar relacionado com o desaparecimento de crianças na região. Numa época de internet ainda muito limitada, este filme marcou uma geração que acreditou no seu marketing viral de que as cenas eram reais, mas mesmo sem este apelo hoje em dia, trata-se de uma obra imperdível.
As Senhoras de Salém (2012)
Dirigido pelo excêntrico Rob Zombie, este longa traz uma abordagem inusitada às bruxas nos tempos atuais, numa trama que mistura acordes pesados e magia negra. Ambientado na Salém dos dias de hoje, o filme conta a história de Heidi Hawthorne, uma locutora de rádio, interpretada por Sheri Moon (esposa de Rob), que recebe uma caixa contendo o disco de vinil de uma misteriosa banda chamada The Lords. Fascinada pelo estranho som do disco, ela passa a ter alucinações com imagens macabras e aos poucos descobre ligações entre a banda e um passado remoto de uma seita de bruxas. Desta vez a direção de Zombie consegue transmitir bem o aspecto sombrio à trama, com cenas bizarras e escatológicas em um dos filmes mais interessantes dele. Uma ótima pedida para quem busca uma história de bruxas um pouco fora do convencional.
A Bruxa (2015)
Em alguns casos só o pecado liberta. Uma obra impactante, que provoca um clima de tensão gradual nos guiando até um clímax arrebatador. A Bruxa foca no terror psicológico acompanhando uma família de dissidentes puritanos que, expulsa da Inglaterra, vai estabelecer morada nos EUA, perto de uma densa e misteriosa floresta. A trama explora as relações entre os personagens e como os dogmas religiosos se impõem sobre estas relações, sendo as principais fontes de terror entre eles. Neste âmbito que confunde liberdade com pecado, enquanto os filhos do casal central amadurecem e alguns buscam por independência, eventos estranhos começam a ocorrer. Um filme marcante que resgatou o tema Bruxas para o cinema de terror de forma magistral, com mensagens que dialogam muito bem com diversos temas pertinentes atualmente.