Davi e Golias simbolizaram as batalhas do mais fraco contra o mais forte. Todos conhecem a história sob a perspectiva de Davi, mas e Golias?
Por Esdras Araújo
Há três mil anos, num campo de batalha na antiga Palestina, um jovem pastor derrubou um poderoso guerreiro com apenas uma pedra e uma funda, e desde então, os nomes Davi e Golias simbolizaram as batalhas entre os mais fracos e os gigantes. Todos conhecem a história sob a perspectiva de Davi, mas e Golias? Aí está a proposta do quadrinista escocês Tom Gauld em ‘Golias’ – publicado pela Editora Todavia, que retrata como foram os dias do gigante filisteu naquele período, trazendo uma mudança de foco da famosa narrativa bíblica.
Golias de Gate era um sujeito comum, que só gostaria de continuar fazendo seu trabalho burocrático e administrativo no exército filisteu em paz, até que, para acabar com sua vida pacata, é convocado pelo rei filisteu para desafiar o exército israelita. De nada adiantam todas as suas alegações de que, apesar de seu tamanho, não possuía aptidão alguma para batalhas, restando atender à convocação de uma guerra que não é sua, tendo como único confidente o escudeiro que escolheram pra acompanhá-lo durante aqueles dias tão incertos.
Em um tom bem humorado e sutil, com pitadas generosas de melancolia, tragédia e crítica à insana dinâmica da guerra, Gauld desconstrói Golias de maneira magistral. A visão consolidada desse confronto – que alimenta apologias exacerbadas ao heroísmo, superação e outras falácias tão em voga em tempos de coaching, é retratada de forma bastante simples, tanto no texto (apenas 94 páginas) como no traço de seu desenho, mas é com essa simplicidade que o autor é capaz de suscitar boas reflexões.
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