O filme mais visto nesse fim de semana na Coreia do Sul, terra do badalado “Parasita”, é um remake da produção brasileira “O Candidato Honesto”. “Honest Candidate” estreou em 12 de fevereiro no país de Bong Joon-ho e já vendeu 909.000 ingressos nos primeiros cinco dias, à frente de “Adoráveis Mulheres” com 464.000 ingressos, segundo a revista Variety.
“Parasita”, que foi lançado em maio do ano passado na Coreia do Sul e já vendeu mais de 10 milhões de ingressos no país, ficou apenas no quarto lugar nessa semana. Sonic – O Filme, aguardada produção inspirada na franquia de games japonesa, também estreou em 12 de fevereiro, mas ocupou apenas o quinto lugar no ranking.
Em Honest Candidate, a atriz Ra Mi-Ran faz o papel de Leandro Hassum, de uma política que, depois de receber uma repreenda da avó no leito de morte, não consegue mais mentir. A versão sul-coreana foi adaptada por roteiristas locais, mas segue a estrutura do roteiro original de Paulo Cursino.
Após liderar a bilheteria brasileira de 2014 com 2,3 milhões de ingressos vendidos, o filme dirigido por Roberto Santucci e distribuído pela Downtown Filmes e Paris Filmes chamou a atenção do mercado mundial. André Carreira, CEO da produtora do filme, Camisa Listrada, foi procurado pelo agente de vendas Cinema Republic, empresa especializada na comercialização de remakes no mercado internacional. O primeiro licenciamento foi fechado com a produtora sul-coreana Soo Film e resultou na produção de Honest Candidate.
“As comédias não costumam ‘viajar’ bem, porque nem sempre as piadas são compreendidas numa outra cultura. Mas os remakes, com algumas adaptações e atores e língua locais, podem ter êxito, como é o caso desse filme,” afirma André Carreira. “Estamos em negociações com produtoras de alguns países para outros remakes de O Candidato Honesto.”
Para Roberto Santucci, o sucesso de Honest Candidate na Coreia do Sul mostra a força criativa das comédias brasileiras: “Acho que chegou a hora das nossas comédias serem reconhecidas não só pelo desempenho comercial, mas também pela qualidade das produções. Nos últimos 30 anos formamos roteiristas, produtores, diretores… talentos capazes de disputar a ocupação do nosso mercado interno e também espaço no exterior.”
“O sucesso na Coreia reforça o que sempre defendi, que é a força de um bom conceito,” ressalta Paulo Cursino. “O cinema brasileiro ainda trabalha pouco com bons high-concepts. Está aí a prova de que dá certo. A ideia de O Candidato Honesto tem tudo para funcionar não apenas na Coreia, mas em vários países, há universalidade ali. Sempre digo que o nosso cinema pode fazer muito mais do que ganhar menção honrosa em festival. Basta realmente desejar atingir o público.”
“É muito simbólico ter um remake feito na Coreia, que ganhou visibilidade mundial com a vitória de Parasita no Oscar. O modelo coreano para o audiovisual tem como premissa principal a conquista de mercado, modelo que deveria inspirar nossa política pública para o setor”, pontua Bruno Wainer, diretor da distribuidora Downtown Filmes.
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