É com fone de ouvido escutando Era uma Vez no Oeste (e com grande pesar no coração) que escrevo esta triste notícia: morre o maestro e compositor Ennio Morricone aos 91 anos. Eu poderia fazer como tantos outros sites na internet e simplesmente publicar uma nota sobre sua morte, mas Morricone merece mais do que isso.
Costumo dizer que se um filme tem corpo, a trilha sonora é a sua alma. E esse cara que nos deixa hoje (6) possuía uma sensibilidade divina para imortalizar cenas que nunca serão apagadas da memória dos grandes amantes do cinema. Como não se arrepiar com os sopros de trompete na clímax de Três Homens em Conflito (1966) ou com a composição que parecia feita por anjos em A Missão (1986)?
Sua impactante obra deixará marcas indeléveis na história da Sétima Arte. Para ilustrar um pouco de seu vanguardismo, Morricone inovou casando música erudita e pop, fazendo uso de guitarras, bateria, piano elétrico e por aí vai. O compositor também foi gênio ao misturar nas suas trilhas sons do contexto dos filmes em que trabalhava, como sinos, chicotadas e assobios nos filmes de western.
Importante dizer que, mesmo aos 91 anos, ele continuava na ativa, tendo como último trabalho de destaque a trilha de Os Oito Odiados (2015), de Quentin Tarantino, que nunca escondeu também ser seu fã.
O legado desse senhor nascido na Itália é incalculável, com cerca de 500 trabalhos feitos para cinema e televisão. Ainda bem que sua obra ficará para continuar nos emocionando e inspirando sempre que for revisitada. Hoje, definitivamente, Morricone se torna um imortal.
Abaixo deixo uma compilação de peças aclamadas que traduzem um pouco da genialidade desse grande mestre:
* Ennio Morricone nos deixou devido a complicações após fraturar o quadril em uma queda. O maestro e compositor morreu em uma clínica em Roma (via Variety).