Exibido na competição oficial do último Festival de Cannes, onde concorreu à Palma de Ouro, o filme “FILHAS DO SOL”, escrito e dirigido por Eva Husson (Uma História de Amor Moderna), estreia em circuito comercial dia 26 de setembro, com distribuição da Califórnia Filmes.
O longa acompanha Bahar, a comandante do batalhão “Filhas do Sol”, que se prepara para libertar sua cidade das mãos dos extremistas, esperando encontrar seu filho, mantido refém. Para acompanhar a jornada e fazer a cobertura do ataque, se junta ao grupo a jornalista francesa Mathilde, que é testemunha da história dessas guerreiras. Desde que tiveram suas vidas viradas de ponta cabeça, todas elas estão lutando pela mesma causa: mulheres, vida, liberdade.
A diretora explica o porquê de introduzir a personagem da jornalista na trama curda: “Ela é nossa janela para o mundo, a porta-voz da capitã do batalhão feminino, e pode expressar certas coisas que seria impossível ilustrar através da narrativa nesse contexto. Ela também me permite refletir sobre a noção das mulheres na guerra. Como uma repórter de guerra feminina, ela representa uma antes oculta perspectiva da identidade das mulheres dentro da zona de guerra. Ela é como um prisma que nos permite navegar entre os contextos coletivo e individual. É a ferramenta da narrativa testemunhal.”
Baseado em situações reais, “FILHAS DO SOL” é inspirado na unidade de resistência Yazidi homônima, formada apenas por mulheres iraquianas, que lutam para retomar sua dignidade numa sociedade patriarcal e permeada por lutas políticas internas. Esse grupo se formou como uma reação à guerra civil e um caminho de sobrevivência para essas mulheres, após serem vítimas de perseguição e massacres por anos.
E 2014, o ISIS (Estado Islâmico no Iraque e na Síria, em inglês) realizou um ataque nas montanhas de Sinjar, território do povo Yazidi, estrategicamente importante por estar entre o Iraque e a Síria. Os 300 mil habitantes do local foram pegos de surpresa e o massacre foi violento. Meninos foram enviados para escolas jihadistas, que os ensinam a matar aos três anos de idade, mulheres e meninas foram vendidas como escravas ou mercadoria sexual, obrigadas a se casar e torturadas.
Anos depois, mesmo com as tentativas das parlamentares Yazidi em conseguir ajuda internacional, as mulheres continuam presas e perseguidas. Paralelamente aos grupos masculinos de resistência contra o ISIS, as mulheres começam pouco a pouco a pegar em armas para se defender, até o surgimento de uma força Yazidi totalmente feminina: as “Filhas do Sol”.
As “Filhas do Sol” não têm nada a perder. O seu grito de guerra é “eles nos estupram, nós os matamos”. E contam com a crença dos soldados do ISIS a seu favor: eles acreditam que se morrerem pelas mãos de uma mulher, não irão para o céu. Por isso, as combatentes femininas os aterrorizam. São essas mulheres, guerreiras e revolucionárias, que o longa “FILHAS DO SOL” retrata.
“Quando uma mulher consegue te contar que ela foi sequestrada e vendida quatorze vezes, e conta isso com extrema serenidade e força, você automaticamente questiona suas ideias e convicções sobre a tragédia do sofrimento. Desconstrói sua imagem de guerra. Eu queria essa experiência em meu roteiro.”, explica a diretora Eva Husson.
Sobre o filme ser colocado como “filme de mulher”, por contar histórias sob a ótica feminina, Husson é taxativa: “Não usamos a expressão ‘filme de homem’, simplesmente porque a proporção nesse momento é muito abundante. A história do cinema é 95% composta de uma perspectiva masculina do mundo. Se usamos essa expressão é porque ainda estamos com falta de perspectivas femininas no cinema para acabar com essa universalidade. Então mãos à obra!”
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