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Festival Griot define filmes para a Mostra Competitiva

De 11 a 20 de dezembro acontece o Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo. O evento é gratuito e contemplará todo o Brasil, promovendo as narrativas da atuação, realização e produção do audiovisual negro.

Neste ano as mostras serão exibidas no formato online, na plataforma de streaming TODESPLAY. A Mostra Competitiva tem foco em curtas metragens nacionais de cineastas negres que apontam para possibilidades de fabulação e realismo fantástico, pautando uma multiplicidade de narrativas com representações positivas e imaginativas, mesmo em um contexto marcado pela desigualdade de acesso no audiovisual brasileiro. Os selecionados concorrem às premiações do Festival, O2 Pós, Olhar Distribuição e Mubi.

Mostra Competitiva do Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo

À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente | Bruna Barros e Bruna Castro| BA | 13’

Duas Brunas. Uma relação ao quadrado. A partir de imagens de arquivo pessoais, as diretoras ensaiam suas relações afetivas: amorosas e maternas. Com relatos que perpassam suas experiências enquanto um casal lésbico, fabulam de modo poético seus panoramas existenciais.

A Morte Branca do Feiticeiro Negro | Rodrigo Ribeiro | SC | 10’

Se a tradição dos filmes de arquivo no Brasil parecia, até pouco tempo, responder às memórias um imaginário colonial atualizado, através de filmes como este – A Morte Branca do Feiticeiro Negro – a matéria do arquivo passa a receber impressa em si as magias e feitiços de olhos e olhares que manipulam o arquivo de modo a fazê-lo tão arquivo quanto vivo.

Àprova | Natasha Rodrigues | SP | 15’

Em Àprova, o que poderia ser um documentário comum se transforma em um registro ímpar de celebração de luta. Natasha Rodrigues se posiciona ao lado das lutas pela implementação (tão tardia) das cotas na Unicamp. Construindo e apresentando um espaço universitário tão fascinante quanto desigual, o documentário acessa os depoimentos e registros de diferentes momentos da luta pela promoção das políticas afirmativas na universidade.

Arco dos Ventos | Juliano Viana | RJ | 3’

Neste filme de Juliano Viana, a construção sonora presente durante a narrativa dá lugar à criação imaginária do que pertencia ao local narrado. A partir de relatos em off, ouvimos o que pode ter sido (ou ainda é) uma história de terror marcada a longos passos na identidade brasileira.

A Sússia | Lucrécia Dias | TO | 17’

Ao som de caixas, pandeiros e bumbos, a celebração e preservação da tradição de uma comunidade. Em A Sússia, a diretora Lucrécia Dias se aproxima da Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra para recontar as histórias e encontrar e registrar os costumes e cotidianos do quilombo. A dança tradicional surge como proteção, reconexão ancestral.

Bonde | Asaph Luccas | SP | 17’

O que pode ser um “rolê” para corpos dissidentes? Em Bonde, filme de Asaph Luccas, o diretor constrói o percurso de um grupo de amigos rumo à diversão. Quando a diversão acaba, voltar para casa pode significar muito mais do que apenas fazer o trajeto inverso, mas o sentido de casa também pode ganhar novos significados.

Contraste | Brenda Lígia | 09’15

A diretora Brenda Lígia, a partir deste documentário, traz o contraste da realidade brasileira – marcada pelo mito da democracia racial – com a realidade apresentada no audiovisual brasileiro: a desigualdade, bem como suas caracterizações das relações raciais, que ficcionaliza um realismo precisamente conhecido e ao mesmo tempo desconhecido pela nossa história.

Ditadura Roxa | Matheus Moura | MG | 25’

No universo de Ditadura Roxa a sociedade de um país que talvez seja o Brasil é dividida entre castas roxas e verdes, demarcadas pela cor que se estampa na epiderme do rosto. A partir desta premissa o curta mineiro dirigido por Matheus Rocha constrói uma alegoria social intrigante enquanto sustenta com habilidade as regras de seu universo.

Ensaio | Carol Sousa e Grenda Costa | CE | 3’

Num exercício simples mas que muito revela em si os sintomas de nosso tempo, a proposta deste filme faz emergir do conflito entre a factualidade do registro vazio e solitário e o desejo afetuoso e projetado da voz da roteirista uma relação que faz do olhar-espectador elemento ativo na obra.

Fartura | Yasmin Thayná | RJ | 27’

Neste documentário da diretora carioca Yasmin Thayná, a relação afetiva em torno da comida ganha novas dimensões quando as festividades são geridas por famílias suburbanas. Construído a partir de memórias que são materializadas em fotografias familiares, o filme reelabora o sentido de fartura.

Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé | Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra| RJ | 14’

Parte de uma safra de filmes que produzem narrativas e referenciam figuras históricas do Brasil através das chaves da dança e da performance amplificadas pelos específicos do cinema. A obra conduz os olhares por um processo de desvelamento da figura de Joãozinho da Gomeia ao passo que faz da arquitetura desta figura mote para que o filme produza seus próprios códigos performativos.

Looping | Maick Hannder | MG | 12’

Como é viver em estado de apaixonamento? O filme de amor construído pelo diretor Maick Hannder revela, a partir de fotografias, a ontologia de quem ama sendo observado por quem se é amado.

Ma lá | Gabriela Freitas e George Ferreira | RJ | 7’

Ma Iá é um curta-metragem que conta a história de uma Princesa que foi sequestrada em África ainda criança e trazida para o Brasil onde se tornou um Guerreira e lutou pela liberdade.

Marvin.gif PART II | Marvin Pereira | BA | 3’

Experimento cyberpunk, pirataria digital ou videoclipe subversivo? “marvin.gif PART II” explora os efeitos da colagem da tecnologia precária aos cotidianos brasileiros. A reutilização e a reciclagem audiovisual são tomadas pelo diretor Marvin Pereira como apelos para um futuro.

Minha História é Outra | Mariana Campos | RJ | 20’

Um filme sobre afeto. Histórias repletas de afetividades. No documentário híbrido de Mariana Campos, acompanhamos a relação de duas amigas que compartilham, entre elas e tantas outras, a relação do afeto com seus marcadores: raciais e sexuais. Uma história de amor e afeto, através destes marcadores, é apenas uma história de amor?

Morde & Assopra | Stanley Albano | MG | 10’

A alegoria performada pelo diretor Stanley Albano remete à uma inversão de perspectivas, à um morde e assopra. Passando uns dias na mansão em que seu avô fora, uma vez, empregado, Stanley retorna ao lugar trazendo outras e novas relações para o mesmo local.

Noções de Casa | Giulia Maria Reis | RJ | 12’

O que parece haver de mais comum num filme de afeto neste filme se revela no específico. A construção da afetividade enquanto imagem é processo que o curta monta e desmonta simultaneamente. Trazendo, para seu corpo estético, soluções que sintetizam e sinalizam afetividades sem que, no entanto, carimbem-se na obra imagens com significados fechados e prontamente traduzíveis.

Nove Águas | Gabriel Martins e Quilombo dos Marques | MG | 25’

Driblando as fronteiras entre o documentário e o documentário ensaiado, encontrando nessa balança uma ficção que revela a história de um lugar e uma população pouco ouvidas e vistas no Brasil, a direção conjunta de Gabriel Martins e do Quilombo dos Marques produz uma narrativa que registra existências sem que o formato do registro seja imperativo ao gesto.

O Trauma é Brasileiro | Castiel Vitorino Brasileiro e Roger Ghil | ES | 13’

O trauma é brasileiro. É uma constatação. O filme documentário materializa o sentido performático da artista Castiel Vitorino. Realizado através do registro de sua primeira exposição individual, os diretores Castiel Vitorino Brasileiro e Roger Ghill realizam uma cartografia pelo Morro da Fonte Grande, contrapondo as escrituras históricas brasileiras no momento em que tensiona a produção da cura para o trauma legitimamente brasileiro.

Ser Feliz no Vão | Lucas H. Rossi dos Santos | RJ | 12’

Ser preto e brasileiro. Ocupar os centros negados à nós. O ensaio de Lucas H. Rossi dos Santos encontra os arquivos e depoimentos de uma história de exclusão, mas também de força, de resistência e invasão. Tomar o espaço que é nosso. Um ensaio sobre preto sobre trens, praias e ocupação de espaço.

Terceiro Andar | Deuilton B. Junior | PE | 9’

Uma jovem tenta sair de casa, mas fica presa entre os andares de seu prédio. Exercício inventivo de gênero e construção de suspense, o filme de Deuilton B. Junior, a partir da investigação do mistério no cotidiano, pergunta: vivemos uma rotina ou um eterno déjà-vu?

Travessia | Matheus Assunção | MG | 5’

Entrelaçando o experimentalismo com a performance, o diretor Matheus Assunção questiona o lugar e o não-lugar de se estar nas terras do colonizador, sendo ele, um corpo colonizado. Trazendo a perspectiva turística, reconstrói os passos de um espaço dominado por violências não contadas nas narrativas históricas.

Serviço

Realização: Cartografia Filmes.

Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo.

De 11 a 20 de dezembro.

Conheça a programação completa em: www.festivalgriot.com.br

Assista aos filmes na Plataforma da TODESPLAY.

Evento Gratuito.